17/10/2020 • , • por Andre Massaro

Os doze maiores erros dos investidores


Não existe uma receita infalível para ser um investidor de sucesso. Mas um dos fatores que define o sucesso nos investimentos é “errar menos” e “errar pouco”. E, neste artigo, veremos os doze maiores erros dos investidores, que afligem tanto os iniciantes quanto os investidores mais experientes.

1- Ter expectativas irrealistas

Muitos investidores têm expectativas irrealistas em relação ao mercado, achando que podem ter ganhos muito mais altos que o razoável.
As expectativas irrealistas costumam ter duas origens:

Uma delas é “ilusão” pura e simples, ou quando se dá ouvido ás inúmeras “histórias de pescador” do mercado financeiro, que prometem ganhos rápidos e fáceis como forma de promover a venda de seus cursos e serviços.

A outra é o hábito de fazer extrapolações baseados em amostras pequenas e pouco representativas.

Por exemplo, um investidor constrói uma carteira de investimentos com 20 ações, e uma delas dá um retorno de 100% (as demais dando retornos medianos ou, mesmo, negativos). Porém, o investidor passa a acreditar que consegue fazer uma carteira só com as ações que vão se valorizar nessa magnitude ou, pior ainda, que ele nem precisa montar uma carteira, pois ele vai conseguir descobrir qual é aquela ação que vai “bombar” e vai entrar com tudo!

2- Não entender os próprios investimentos

Como educador financeiro, eu sou um dos primeiros a defender a ideia de que não é preciso ter um conhecimento “super profundo” dos ativos financeiros para poder investir.

Aliás, eu mesmo já tive, em algum momento da vida, ações de empresas que eu sequer sabia o que faziam!

Mas isso não significa que o investidor não precisa ter um conhecimento, no mínimo, elementar de que tipo de ativo financeiro está colocando o próprio dinheiro.

Vou dar um exemplo real: Outro dia, fui abordado nas mídias sociais por um investidor que estava com uma dúvida sobre o preço das suas “ações”, pois elas estavam caindo de forma acelerada e, aparentemente, sem justificativa.

Não precisei fazer mais que duas perguntas para descobrir que aquele investidor não tinha comprado ações, e sim direitos de subscrição, pois ele achou que eram “ações mais baratas”… E esses direitos de subscrição estavam há apenas alguns dias de expirarem!

Bem… Esse é o tipo de coisa que acontece quando não sabemos o básico do mercado financeiro e, também, quando nos deixamos impressionar por “ações baratas” (que é, inclusive, um dos erros listados neste artigo).

3- Misturar longo prazo com curto prazo

No mundo dos investimentos, as estratégias devem ser seguidas rigidamente – e as regras são estabelecidas EXATAMENTE para não cairmos vítimas de nossos fatores emocionais.

E um dos fatores emocionais mais relevantes é a “racionalização”, onde o investidor fica criando explicações (supostamente racionais) para justificar erros e atitudes irracionais.

É o caso do investidor que resolve fazer um “trade rápido” e, ao constatar que a operação deu errado, diz para si mesmo: “Agora esta ação vai ficar para o longo prazo”.

Ou, então, o oposto disso, que é quando o investidor compra uma ação visando o longo prazo, mas vê que ela valorizou 10% em uma semana e fica “com a mão coçando” para vender.

Aí, ele diz para si mesmo que “lucro bom é lucro no bolso”…

4- Acreditar que tem controle sobre o mercado (ilusão de controle)

Para ter sucesso nos investimentos, é preciso ter informações – e essas informações chegam a nós, tipicamente, na forma de análises, feitas por nós mesmos ou por profissionais especializados.

Porém, em excesso, a informação mais atrapalha do que ajuda. Ela acaba nos levando a cair numa armadilha (um viés cognitivo) chamado “ilusão de controle”.

Leia aqui: Ilusão de controle – O que é e como combater

E é um erro comum de investidores achar que “mais informação” significa “vantagem”. Até mesmo porque boa parte da informação disponível no mercado financeiro é velha, repetitiva, frequentemente irrelevante e, muitas vezes, conflitante.

Ter cinco telas no seu computador, assinar meia dúzia de relatórios de análise e participar de todos os fóruns de investimento que você conseguir vai te trazer um monte de informações… Mas toda essa informação continua sendo informação de coisas passadas ou, na melhor das hipóteses, de coisas presentes. Mas nenhuma dessas informações vai te trazer qualquer insight real sobre o que vai acontecer no futuro.

Infelizmente, os acontecimentos do mercado financeiro (e do mundo) são muito mais aleatórios do que gostamos de acreditar.

5- Ver preços em termos nominais

É um erro comum, especialmente em investidores principiantes, julgar que uma ação está “cara” ou “barata”, baseada em seu preço nominal. Por exemplo: uma ação de 10 reais está mais barata que uma de 20.

Em termos nominais e absolutos sim. Porém, no mundo dos investimentos em renda variável, o preço de uma ação, isoladamente, não diz muita coisa. O preço da ação apenas reflete o valor total da empresa dividido pela quantidade de ações.

O preço, como métrica, não serve de parâmetro de comparação com outras ações – apenas com ela mesma. Então, só se pode dizer que uma ação está “barata” em relação aos fundamentos da empresa, ou em relação ao próprio preço daquela ação no passado.

6- Seguir modismos (efeito manada)

O hábito de seguir a maioria (que, em economia e psicologia, se chama de “efeito manada”) é uma característica intrínseca do ser humano. Observar aquilo que a maioria faz (na presunção de que “a maioria sempre está certa”) é um instinto de sobrevivência nosso.

Leia aqui: O efeito manada nos investimentos, nos negócios e na vida

Afinal, nas savanas, onde nossos antepassados viviam, se ninguém tocava em determinada fruta e se ninguém comia carne podre, alguma (boa) razão devia existir…

Porém, o mundo evoluiu… Nós não vivemos mais na savana e, no mercado financeiro, ocorre exatamente o oposto do que acontecia com nossos antepassados. No mercado financeiro, uma minoria fica com a maior parte dos ganhos (o chamado smart money) e a maioria (o dumb money ou as “sardinhas”, no jargão) ficam com migalhas ou, pior que isso, entram para “pagar a conta”.

No mercado financeiro, seguir modismos e ir na onda da “maioria” é caminho certo para perder dinheiro.

7- Ser reativo

Ser reativo, no contexto dos investimentos, é ser aquele sujeito que investe baseado em dicas, notícias, boatos e fofocas.

O investidor reativo não faz suas próprias análises e não tem uma estratégia. Ele simplesmente “reage” a notícias e acontecimentos.

O problema de ser reativo é que se está sempre atrasado, pois, quando as notícias chegam ao público, elas já são “notícia velha” – e quem tinha que tirar proveito já tirou…

Existem estratégias de investimento que são reativas por natureza, como a análise técnica (que espera pela confirmação de padrões para se tomar decisões). Porém, é uma reatividade “pensada”. O investidor reativo, no contexto dos erros do investidor, é aquele que é reativo e NÃO TEM uma estratégia.

É, essencialmente, um sujeito sem direção…

8- Não diversificar

A diversificação é a mais básica (e mais efetiva) ferramenta de gestão de riscos nos investimentos. É o famoso “não colocar todos os ovos na mesma cesta”.

Ainda assim, muitos investidores são negligentes em seguir essa recomendação tão primária. E acabam se expondo ao risco de grandes perdas por não diversificar adequadamente seus investimentos.

E, sempre lembrando: Diversificar não é, simplesmente, “espalhar” os investimentos. É preciso diversificar observando as correlações entre os investimentos, de forma que o risco de um ativo em particular seja contrabalançado por outro.

9- Se apegar (investir naquilo que “gosta”)

Existe uma linha de pensamento, nos investimentos, que diz que devemos investir naquilo que a gente se “identifica”.

Particularmente, eu acho isso válido quando se trata de classes de ativos (por exemplo, tem gente que gosta de ações individuais, mas não gosta de ETFs).

Porém, a coisa fica mais complicada quando o investidor começa a se apegar a algum ativo (ou alguns) em particular, usualmente por motivos irracionais.

É algo como “eu gosto de iPhones, então vou comprar ações da Apple”. O fato de eu gostar do produto ou da empresa não significa que ela seja um bom investimento.

E, de forma análoga, o fato de você não gostar de uma empresa (por causa de seus produtos ou seu posicionamento) não significa que ela seja ruim como investimento.

Na hora de investir, é preciso deixar o coração de lado e aceitar que “não existe amor” no mercado financeiro…

10- Buscar vingança contra o mercado

O que define um investidor de sucesso é aquilo que se chama de “expectativa matemática positiva”. Isso é, falando em termos mais simples, “ganhar mais dinheiro do que se perde”.

É impossível “só ganhar” nos investimentos. Eventualmente, fazemos investimentos e operações que dão prejuízo. Simplesmente “faz parte” e o que conta, no final, é o saldo geral positivo.

Porém, alguns investidores ficam bastante transtornados quando uma operação, em particular, dá errado. E isso é particularmente verdadeiro quando o investidor não observa a recomendação de diversificação e aquela operação, que deveria ser “apenas mais uma”, se torna uma posição relevante e com grande potencial de prejuízo.

Quando isso acontece, a atitude de muitos investidores é querer “dar o troco” no mercado, recuperando aquela perda…

Só que tem uma coisa: Não existe isso de “recuperar uma perda”. O dinheiro que é perdido, é perdido em definitivo. E aquela operação para “recuperar a perda” é, na verdade, um “dinheiro novo” que entra (isso, claro, assumindo que a operação vai dar certo).

E o hábito de querer se vingar do mercado leva alguns investidores a se exporem a riscos excessivos, na linha “vou me alavancar no mercado de opções para recuperar uma perda em ações”.

É uma receita para o desastre…

11- Não assumir responsabilidades

No mercado financeiro, é você contra o mundo e o mundo contra você. Não existem “amigos” ou “aliados” no mercado. Todo mundo ali está disputando o mesmo dinheiro.

Um erro comum de alguns investidores é buscar culpados quando suas operações dão errado. E isso é muito visível, especialmente nas redes sociais, onde se vê um “chororô” sem fim de investidores se lamuriando, dizendo que suas perdas são por culpa do analista que deu um call errado, da CVM, dos “tubarões”, dos marcianos ou seja lá de quem for.

No mercado financeiro, todos os seus ganhos são mérito seu. E todas as suas perdas são sua responsabilidade. Você é a única pessoa responsável por suas decisões.

12- Descuidar da parte fiscal

No Brasil, a gestão fiscal dos investimentos em renda fixa e fundos de investimentos é “tranquila”. Alguns instrumentos são isentos de impostos (como a Caderneta de Poupança, as LCIs e LCAs) e, daqueles investimentos que não são isentos, o ônus da apuração e do recolhimento dos impostos é da instituição financeira.

Já no mundo das ações, ETFs, fundos imobiliários e derivativos, a responsabilidade sobre a apuração e o recolhimento é do próprio investidor.

É um processo meio chato, com alguns detalhes importantes de se observar e que deve ser feito mensalmente. Por isso, muitos investidores acabam se esquecendo de cuidar da parte fiscal (ou, simplesmente, tentam dar um “chapéu” na Receita Federal).

O resultado dessa negligência com as questões tributárias pode ser um grande prejuízo (com multas e impostos atrasados) e uma grande dor de cabeça junto às autoridades fiscais.

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