01/12/2020 • , • por Andre Massaro

As oportunidades para empreender no mercado financeiro


O mercado financeiro brasileiro tem experimentado um grau de crescimento e dinamismo sem precedentes nos últimos anos. E hoje, a pessoa que quer se aventurar (profissionalmente) não está mais limitada a fazer carreira em um grande banco ou gestora. Para aqueles que preferem um “voo solo”, estão surgindo mais e mais oportunidades para empreender no mercado financeiro.

E, neste artigo, vamos ver um pouco mais sobre essas oportunidades para empreender no mercado financeiro, vendo aquelas atividades e subsetores que são mais convidativos para quem gosta de finanças e tem “DNA empreendedor”.

Alguns avisos sobre empreender no mercado financeiro

O mercado financeiro tem algumas particularidades que fazem com que ele não seja tão “aberto” e seja mais regulado que outros mercados. E um dos principais motivos para isso é muito simples: Se está lidando com “o dinheiro dos outros”.

Por conta disso, o mercado financeiro é visto como um mercado “sensível”, assim como o mercado de saúde (que também é fortemente regulado). Finanças e saúde são duas áreas em que uma decisão errada (ou mal informada) pode ter graves consequências e impactar, de forma negativa, a vida das pessoas.

Por isso, há uma grande preocupação das autoridades financeiras com a capacitação técnica e ética dos profissionais de finanças e, para algumas atividades, existem regras e requisitos que podem ser bastante rígidos.
Entre essas regras e requisitos estão, para algumas atividades, a necessidade de certificações, de autorização prévia das autoridades financeiras (como a CVM), restrições para o exercício de outras atividades (por conta de conflito de interesses) e a exigência de se adotar o padrão fiduciário (que é o quando o profissional tem a obrigação ATIVA de colocar os interesses do cliente em primeiro lugar).

Inclusive, se você tem interesse em empreender no mercado financeiro e pretende se preparar para tirar alguma certificação, não deixe de conferir o Guia de estudos para as certificações do mercado financeiro.

Mas vamos, então, ver algumas dessas oportunidades para empreender no mercado financeiro.

Agente Autônomo de Investimentos (AAI)

O Agente Autônomo de Investimentos (ou AAI) é aquilo que também é referido como “Assessor de Investimentos”. É o profissional que atua na distribuição comercial e promoção de produtos de investimento, como fundos, títulos e serviços de negociação de ativos.

O Agente Autônomo de Investimentos é vinculado a uma instituição financeira que atua com investimentos (Corretora ou Distribuidora de Valores) e recebe, desta, comissão por vendas e transações realizadas.

O modelo de atuação do AAI é baseado nesse comissionamento. Não se recebe dinheiro diretamente dos clientes.

É uma atividade regulamentada, que exige certificação própria (que, neste momento, é emitida pela ANCORD – a associação das corretoras e distribuidoras) e registro junto à CVM.

A atividade de Assessor de Investimentos ou AAI é, essencialmente, comercial e de relacionamentos. Por isso, profissionais que combinem conhecimento de finanças e habilidade em vendas têm grandes chances de sucesso nessa atividade.

Consultor de Valores Mobiliários

Falando em linhas gerais, o Consultor de Valores Mobiliários é o profissional que pode dar orientação individual de investimentos para clientes.

O Consultor de Valores Mobiliários precisa ser registrado na CVM e tem a prerrogativa profissional de recomendar investimentos em ativos mobiliários. Sem esse registro, não se pode recomendar investimentos.

Esta é uma atividade que, além de ser regulada, envolve a adoção do padrão fiduciário. Isso significa que o Consultor de Valores Mobiliários SEMPRE tem que recomendar investimentos com foco no máximo benefício para o cliente e precisa provar, caso seja inquirido, que agiu conforme o padrão fiduciário.

Consultores de Valores Mobiliários costumam trabalhar de várias formas e são, tipicamente, remunerados de forma direta pelos clientes.

Para ser um Consultor de Valores Mobiliários é preciso ter registro na CVM. E, para concessão do registro, a CVM reconhece como “prova de suficiência” algumas certificações financeiras, como o CFP, o CEA e o CNPI.

Analista de Valores Mobiliários

Se o Consultor de Valores Mobiliários pode dar recomendações individuais, o Analista é aquele que dá recomendações “coletivas”. E faz isso através de relatórios de análise, que podem ser divulgados e distribuídos de diversas formas.

A atividade de Analista de Valores Mobiliários é uma das que mais tem gerado oportunidades para empreender, com a criação de diversas casas de análise independente (que são chamadas, no jargão, de “researchs”).

É uma atividade regulada, que exige registro na CVM. E o caminho para obtenção desse registro é através da certificação CNPI, emitida pela APIMEC.

O modelo mais comum de remuneração de um Analista de Valores Mobiliários “empreendedor” é através da cobrança de assinatura mensal dos clientes, para receber seus relatórios de análise e recomendações.

E o analista certificado também pode requerer registro como Consultor de Valores Mobiliários e atender clientes individualmente.

Aliás, são poucas as atividades reguladas do mercado financeiro que podem ser feitas “em paralelo” pela mesma pessoa (por conta da existência de conflitos de interesses). A atividade de analista e de consultor são exceções, que podem ser feitas “juntas”.

Administrador de carteiras de valores mobiliários

Também conhecido como “gestor de carteiras” ou “gestor de investimentos”.

Representa, de certa forma, um “passo além” do Analista de Valores Mobiliários. O Administrador (ou gestor) não se limita a dar recomendações e pode, efetivamente, tomar decisões de investimento por seu cliente.

Obviamente, essa “tomada de decisão” tem limites e precisa ser feita conforme um mandato, que estabelece regras e parâmetros para essas decisões.

Um gestor pode gerir dinheiro de clientes através de fundos de investimento ou contas individuais.

As oportunidades de empreendedorismo para gestores estão, principalmente, na criação de empresas de gestão de investimento que são chamadas, no jargão do mercado, de “assets” (de “asset management”).

Para ser gestor, é preciso registro na CVM. E a CVM aceita como prova de suficiência, para concessão do registro, as certificações CGA (brasileira, da ANBIMA) e CFA (americana).

Planejador Financeiro

O Planejador Financeiro é o profissional que faz, essencialmente, o papel de um “consultor financeiro pessoal”. Mas, diferentemente do Consultor de Valores Mobiliários, sua atuação não se restringe apenas aos investimentos, podendo orientar seus clientes em temas como planejamento financeiro, gerenciamento de riscos, sucessão, tributação e muitos outros.

A atividade de planejador financeiro é muito popular nos EUA e vem se popularizando no Brasil.

Não é uma atividade regulamentada, mas existe uma certificação muito famosa chamada CFP (Certified Financial Planner), que foi criada nos EUA e ganhou uma versão adaptada para o mercado brasileiro, emitida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros.

Um planejador financeiro NÃO PODE dar recomendações de investimento, a não ser que seja, também, um Consultor de Valores Mobiliários. Porém, a CVM aceita a certificação CFP como prova de suficiência para a concessão desse registro.

Planejadores financeiros são, tipicamente, remunerados de forma direta por seus clientes e existem vários modelos comerciais, como cobrança de mensalidades, percentual de patrimônio ou consultas individuais.

Educador Financeiro

Educação financeira, como atividade empresarial e profissional, consiste no desenvolvimento, apresentação e distribuição de conteúdo educacional, como cursos, palestras, workshops, livros etc.

É uma atividade não regulamentada (não há nenhuma exigência para ser educador financeiro) e com grande amplitude de atuação. Existem educadores financeiros que vão desde os temas mais básicos de gestão financeira pessoal até os temas mais avançados e investimento e de gerenciamento de riscos.

Por conta das “baixas barreiras de entrada”, é uma das atividades que mais vem atraindo empreendedores nos últimos tempos.

Muitos educadores acabam atuando, também com consultoria e orientação individual. Mas é importante observar as restrições da CVM com relação à recomendação de investimentos, que só pode ser feita por um Consultor de Valores Mobiliários.

Correspondente bancário

O Correspondente bancário é um prestador de serviços, pessoa jurídica, que atua na representação, promoção e distribuição de crédito e outros serviços bancários.

É vinculado a uma instituição financeira (tipicamente um banco) e, guardadas as devidas proporções, é equivalente ao Agente Autônomo de Investimentos, só que não voltado para produtos de investimento, e sim demais produtos financeiros.

É, da mesma forma, remunerado através de comissões da instituição de representa e precisa de autorização do Banco Central para operar.

Corretor de Seguros

O mundo dos seguros não é, formalmente, parte do mercado financeiro. Mas é um mundo análogo e muito próximo.

Por isso, resolvi fazer uma “menção honrosa” aos corretores de seguro que são, em grande parte, empreendedores, que criam suas operações de distribuição e venda de seguros.

Inclusive, por conta das sinergias, diversos corretores de seguros acabam virando AAIs e vice-versa (já que essas atividades não conflitam). Se torna, inclusive, uma forma de otimizar canais de relacionamento com clientes e distribuição (já que são, essencialmente, os mesmos).

Para ser corretor de seguros, é preciso fazer uma prova na Escola de Negócios e Seguros (antiga Escola Nacional de Seguros) e, caso seja aprovado, fazer o registro junto à SUSEP, que é a autoridade do mercado segurador.

Fintechs

Por fim, quero falar das chamadas “fintechs”.

Fintech é o nome que se dá, genericamente, a uma empresa que atua com finanças e que tenha base tecnológica. É uma categoria muito ampla e não dá para ser específico pois, aqui, se enquadram desde uma empresa que faz um aplicativo de comparação de investimentos até um banco digital completo.

O mundo das fintechs também tem se revelado uma fonte de grandes oportunidades para empreendedores de diversas origens, desde aqueles que já são do mercado financeiro até aqueles que vêm de outros mercados, mas cheios de ideias inovadoras que possam ser aplicadas no mundo das finanças.

As oportunidades no mundo das fintechs são potencialmente infinitas e o espaço para inovações é, virtualmente, ilimitado.

O empreendedor de fintechs só precisa ficar atento às questões regulatórias e, em alguns casos, a necessidades mínimas de capital, que são exigidos pelas autoridades financeiras.

Conclusão

Há alguns anos, o mercado financeiro brasileiro parecia “travado” e condenado ao encolhimento, com bancos se fundindo, empresas encerrando as atividades e regulações cada vez mais restritivas.

Porém, as coisas mudaram e o mercado está muito mais dinâmico e flexível do que já foi no passado. Com isso, pessoas com perfil empreendedor podem encontrar novos (e lucrativos) caminhos no mundo das finanças.

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