16/12/2019 • • por Andre Massaro

Os indicadores econômicos importantes para o investidor


Quais são os indicadores econômicos e as informações realmente relevantes para o investidor?

Se você fizer essa pergunta para dez analistas ou investidores profissionais, pode ouvir dez respostas diferentes. Se você conversar com alguém que é adepto da análise técnica (também conhecida como “análise gráfica”). Provavelmente a reposta vai ser “nenhum”. Um analista técnico “raiz” não dá a mínima para informações econômicas.

Outros poderão dar uma lista enorme de informações, relatórios e indicadores, na presunção de que “informação nunca é demais”.

Porém, vivemos numa época de excesso de informações e essa visão de que “informação nunca é demais” pode nos levar à ineficiência e à paralisia (o que é terrível para um investidor que PRECISA tomar uma decisão).

A informação precisa ser “na medida certa”. Não tão pouca a ponto de não dar um mínimo de suporte à decisão. E também não tanta a ponto complicar o processo de decisão inserindo elementos conflitantes e/ou irrelevantes.

Indicadores indicam pouco sobre o futuro…

Existe um conhecido viés cognitivo que, no mundo da Economia Comportamental, é conhecido como “Ilusão de Controle”. Basicamente, a Ilusão do Controle é a ilusão (daí o nome) que formamos de que “quanto mais informações tivermos, mais teremos controle sobre o que vai acontecer no futuro”.

Só tem um probleminha… As informações e indicadores econômicos não falam sobre o futuro… E sim sobre o passado! O que ocorre é que fazemos inferência (através de lógica indutiva) sobre o futuro baseadas nessas informações.

Argumentos indutivos (que fazem inferências) são, essencialmente, “argumentos probabilísticos”. Eles são baseados na presunção de que, no passado, nas vezes em que aquelas condições se apresentaram da mesma forma, determinado cenário aconteceu “X por cento” das vezes. Assim sendo, a probabilidade do mesmo cenário acontecer é maior.

A conclusão desse argumento indutivo pode até ter alguma força (frequentemente não tem) mas, ainda assim, o elemento de incerteza permanece. E ter “mais informações” não reduz a incerteza. Como diz um médico que eu conheço, “você pode ter apenas 1% de chance de desenvolver uma doença mortal, mas, se você estiver nesses 1%, você está 100% ferrado”…

Nós podemos ter “toda a informação do mundo”. Mas toda a informação do mundo só fala do passado… E os argumentos indutivos baseados nessas informações podem ser (e frequentemente são) frágeis (para dizer o mínimo), muitas vezes indicando correlações que não existem.

A despeito disso, as pessoas se sentem mais seguras tendo “Muita” informação, ainda que essa informação não diga nada de realmente importante.

Os perigos (ou não) do excesso de informação

Bem, eu fiz o meu alerta sobre a Ilusão do Controle e o excesso de informações. A ideia é chamar a atenção do investidor para o fato de que excesso de informação pode mais atrapalhar do que ajudar.

Porém, definir qual é a informação “correta”, tanto em termos de qualidade quanto de quantidade, é uma missão muito difícil.

Cada investidor ou analista tem a sua preferência. Como disse antes, um analista técnico pode desprezar informações econômicas. Alguns analistas fundamentalistas também (focando apenas nas informações do ativo ou empresa sob análise). Outros podem ter uma particular habilidade em “ler” determinado indicador que pode ser obscuro e desconhecida para a maioria das pessoas.

Enfim, o espaço para a subjetividade e a preferência pessoal é enorme. Por isso, a partir deste momento, preciso fazer o “disclaimer” de que tudo o que eu escrever estará sujeito às minhas preferências e vieses pessoais. Use o que está aqui como uma referência, e não como um “modelo pronto”.

Os tipos de indicadores econômicos

Existem, basicamente, cinco tipos de indicadores econômicos, a seguir:

  • Indicadores de atividade
  • Indicadores de preço
  • Indicadores fiscais
  • Indicadores do setor externo
  • Taxas de juros

Indicadores de atividade:

São os indicadores que medem a produção em uma economia (como o PIB) ou os indicadores de emprego (ou desemprego).

De forma geral, eles dizem o quão “saudável” uma economia está. Quanto melhor a economia, melhores são (em tese) as perspectivas para as empresas e os negócios.
No Brasil, os principais indicadores de atividade são elaborados e publicados pelo IBGE.

Indicadores de preço:

São os indicadores que medem a inflação. Esses indicadores procuram demonstrar a evolução média dos preços em uma economia.

Como é impossível medir a inflação “de tudo” e “em todo lugar”, os índices de preços se baseiam em “cestas teóricas” de produtos e serviços e em determinadas regiões do Brasil, que tentam dar uma aproximação, da melhor forma possível, daquilo que acontece na economia como um todo.

Existem vários índices de preços, com diferenças metodológicas entre eles e, como se pode imaginar, nenhum deles é “perfeito”.

O comportamento da inflação pode fornecer pistas importantes sobre o comportamento dos consumidores e, principalmente, sobre o que pode acontecer com as taxas de juros (mais sobre isso adiante).

No Brasil, o índice “oficial” é o IPCA, apurado e publicado pelo IBGE.

Indicadores fiscais:

São indicadores que mostram a arrecadação e os gastos do Governo.

Alguns investidores dão importância a esse tipo de informação pois entendem que, se o Governo “vai mal”, isso afeta a Economia e pode, de forma mais direta ou indireta, afetar o desempenho das empresas e negócios.

Os principais indicadores são aqueles que mostram os resultados primário, operacional e nominal. São diferentes “formas” de ver quanto o Governo arrecadou e gastou.

Indicadores do Setor Externo:

Indicam como está se comportando o fluxo de moeda estrangeira de um país. O Brasil, por exemplo, não tem uma moeda conversível (pelo menos não enquanto eu escrevo este texto…) e precisa de moeda estrangeira “forte” (em particular o Dólar americano) para dar cabo de seus compromissos com outros países.

Os principais indicadores são a balança de pagamentos e as reservas internacionais.

Os indicadores do setor externo podem dar pistas sobre o que pode acontecer com o câmbio. E as oscilações cambiais têm grande impacto em alguns setores da economia.

Taxas de juros:

Há alguma controvérsia se poderíamos classificar as taxas de juros como, tecnicamente, “indicadores econômicos”. Mas vamos assumir que sim.

As taxas de juros têm (acho que não é nenhuma surpresa) um ENORME impacto nos investimentos. As taxas de juros são aquilo que, basicamente, o quanto você vai investir em renda fixa e renda variável.

As taxas de juros são, em grande parte, determinadas pelas taxas de inflação. Os juros são um dos instrumentos de “política monetária” (que é a “caixinha de ferramentas” do Governo para controlar da inflação). Por isso, é difícil analisar juros e inflação separadamente.

No Brasil, temos como referência de juros a taxa básica SELIC (oficial) e seu “quase irmão gêmeo” DI (de “Depósito Interfinanceiro”).

A minha “modestíssima opinião”.

Agora é a hora que preciso reforçar um pouquinho aquele “disclaimer” que fiz anteriormente… Tudo aqui está sujeito aos meus vieses e opiniões!

Particularmente, eu foco em inflação e juros. Eu defendo uma visão de que a inflação é a “força motriz” da coisa toda (explico isso detalhadamente em meus cursos, palestras e workshops). A inflação é o “pilar” da economia e ela que vai determinar as taxas de juros. As taxas de juros, por sua vez, determinam o grau de atratividade de cada ativo financeiro.

Eu não dou tanta importância para os outros indicadores (atividade, fiscais e setor externo). Obviamente eu os acompanho e me interesso por eles, mas eles têm pouca ou nenhuma relevância no meu processo de decisão de investimentos.

No máximo, eles são usados para fazer um “quadro geral” em minha cabeça.

Enfim, neste artigo apresentei os principais indicadores econômicos e quais são (novamente, na minha visão) aqueles que “realmente importam” para o investidor.

E se você quer saber um pouco mais sobre a minha “visão” de investimentos, conheça o meu curso “BluePrint – Formação de Investidores”.

Como o nome do curso sugere, ele é uma “formação completa”, especialmente para aqueles que estão começando agora nos investimentos e querem aprender aquilo que importa… e do jeito certo!

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