19/05/2019 • • por Andre Massaro

É possível ficar rico apenas investindo dinheiro?


Uma dúvida comum daqueles aspirantes a investidor é se é possível ficar rico apenas investindo dinheiro. Essa dúvida é baseada em muitos mitos e em algumas verdades.

Essa é uma pergunta que pode ter múltiplas respostas. E, basicamente, a resposta vai depender do “viés” de quem estiver respondendo. Por isso, neste artigo, vou tentar ser o mais transparente possível, mostrando essas diferentes interpretações e narrativas.

Que tipo de retorno é possível obter investindo dinheiro?

Indo direto ao ponto: 10 a 15% ao ano em média. Dependendo da composição e da volatilidade da carteira de investimentos, pode haver anos com retorno muito maior que isso e anos com retornos negativos. No longo prazo, é bastante difícil uma carteira de investimentos apresentar retornos maiores que isso.

É possível obter retornos mais altos? Sim, é possível. Mas isso exige uma metodologia ou um talento diferenciados em relação àquilo que se pratica no mercado financeiro. Ou, então, um aumento da exposição ao risco (lembrando que, no mundo dos investimentos, não tem milagre: Maior retorno sempre vem à custa de maior risco).

Por aqui, já podemos ver que as possibilidades de enriquecer investindo são bastante limitadas (ao menos no curto prazo). Para quem tem paciência e visão de longo prazo, investir pode ser uma opção interessante. Para quem quer construir riqueza rapidamente, é melhor procurar em outro lugar…

Bem, até aqui não falei nenhuma novidade. Qualquer educador financeiro com um mínimo de decência e responsabilidade vai dizer que o mundo dos investimentos não é adequado para quem quer ficar rico rapidamente.

Leia aqui: Como viver de renda (na era dos juros baixos)

A questão dos aportes de dinheiro

Ao longo da minha vida, eu NUNCA VI alguém pegar uma quantia relativamente pequena de dinheiro (talvez algo na casa de dezenas de milhares de reais) e transformar em, digamos, UM MILHÃO de reais em pouco tempo, sem colocar mais dinheiro no processo.

Quando vemos (e investigamos mais a fundo) casos de pessoas que, supostamente, ficaram ricas investindo dinheiro, frequentemente o que vemos é gente que fez sucessivos aportes de dinheiro ao longo da vida, e foi investindo esses aportes.

Ao investir, naturalmente, se “potencializa” e se acelera a velocidade de acumulação, e isso gera a riqueza. Mas a pergunta aqui seria: Afinal, o que gerou a riqueza foram os aportes ou o investimento?

Obvio que as duas coisas funcionam em conjunto. Mas qual seria o fator principal? O que seria realmente determinante?

Isso vai depender, em grande parte, dos vieses e dos interesses (ocultos ou não) de quem estiver contando a narrativa. Imagine a seguinte situação: Uma pessoa tem uma profissão bem remunerada (um médico, por exemplo).

Ao longo de alguns anos, esse médico conseguiu poupar uma parte significativa daquilo que ganhava, investiu e, eventualmente, ficou rico. Aí é que eu te pergunto: O que deixou esse médico rico? A atividade profissional da medicina ou o fato dele investir dinheiro? E antes que você responda “as duas coisas”, eu já lanço uma nova pergunta: Qual dessas duas coisas foi a mais importante?

Aí entra a questão da narrativa. Cada um vai contar a história de um jeito, conforme seus vieses ou interesses. Se esse médico estiver tentando convencer o filho a estudar medicina, provavelmente ele vai argumentar que o que gerou a riqueza foi a medicina. Se este mesmo médico estiver no “churrasco de fim de semana” com amigos que são investidores (e quiser impressionar esses amigos), provavelmente vai dizer que ficou rico graças à sua “perspicácia como investidor”.

O dono de uma faculdade de medicina vai dizer que o que enriquece é ser médico. O dono de uma corretora de valores ou gestora de recursos vai “puxar a brasa para a sua sardinha” e dizer que investir foi o fator determinante.

E agora?

Exemplos (não muito corretos) de gente que ficou rica investindo

Essa questão da narrativa nos leva, com frequência, a mencionar casos de “investidores de sucesso” que ficaram muito ricos. E nove em dez “conversas de botequim” sobre investimentos vão acabar, em algum momento, fazendo menção a Warren Buffett, um dos homens mais ricos do mundo que é frequentemente apresentado, pela mídia, como um “investidor”.

Este é um momento interessante para tentar esclarecer uma coisa: Warren Buffet não é “investidor” COISÍSSIMA NENHUMA. Warren Buffet é um EMPRESÁRIO. Sua empresa, a Berkshire Hathaway é um fundo de investimentos (tecnicamente é uma holding) que tem, sob sua gestão, dinheiro de inúmeros outros investidores, dos mais variados portes.

Obviamente que Warren Buffett tem dinheiro próprio na empresa e é, ele próprio, um investidor. Mas qualificá-lo profissionalmente, como um “investidor” é a mesma coisa que qualificar como “professor” um banqueiro que, ocasionalmente, dá duas ou três aulinhas num curso de pós-graduação.

Por isso, esses exemplos de “investidores” (que, na verdade, são gestores de investimentos) não servem como um parâmetro correto de pessoas que enriqueceram investindo dinheiro.

A não ser que nessa nossa discussão sobre “enriquecer investindo” valha investir dinheiro dos outros (e receber taxas de administração por gerir o dinheiro). Mas aí seria outra conversa…

Meu testemunho pessoal

Vamos lá: Agora é a hora de fazer uma “declaração profissional”. Eu tenho mais de 25 anos de experiência profissional com finanças e investimentos (já são “décadas”, no plural…). Eu conheço algumas pessoas (e não são muitas) que, efetivamente, vivem de investir dinheiro.

São desde pessoas que acumularam uma pequena fortuna em ações (e hoje vivem de dividendos) até traders que operam com instrumentos financeiros sofisticados, como contratos futuros e opções.

Porém, nenhuma dessas pessoas que eu conheço “criou” a sua fortuna operando no mercado financeiro. Todas elas adquiriram um patrimônio relevante ANTES (através de uma carreira profissional bem sucedida, de empreendedorismo ou de herança) e, posteriormente, passaram a usar esse patrimônio como “lastro” para geração de renda com operações financeiras.

Eu posso falar por mim mesmo: Eu sou, tecnicamente falando, um trader. Hoje não tenho o trading como minha atividade principal, mas, por uns bons anos, já tive. Só que o “grosso” do meu patrimônio não foi criado no mercado financeiro, e sim através da minha carreira profissional, ANTES dessa fase.

E, para deixar claro: Eu não estou falando que “não existe” gente que fez sua fortuna operando (ou investindo) no mercado financeiro. Tampouco estou falando que é “impossível” construir fortuna dessa forma. Estou apenas dizendo que eu mesmo “nunca vi”.

Conclusão: É possível ficar rico investindo dinheiro?

Sim, é possível, mas não SÓ investindo. O investimento é um coadjuvante (importante) no processo.

Porém, os retornos típicos do mercado financeiro não são altos o suficiente para que uma pessoa possa, com uma pequena quantia inicial, construir uma fortuna sem colocar “dinheiro novo” no processo.

E esse “dinheiro novo” acaba vindo, usualmente, de uma atividade profissional.

E, aí, voltamos à nossa pergunta que não quer calar: O que enriquece, afinal, é o investimento ou a atividade profissional?

Obs: este artigo foi inspirado por uma pergunta feita por um usuário do “Quora” que eu respondi. Clique aqui para ver a minha resposta no Quora.

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