27/02/2021 • , , • por Andre Massaro

Hacks financeiros para você aplicar em sua vida


Para falar sobre hacks (e não só hacks financeiros), é importante falar sobre o que é um “hacker”.

A imagem popular do hacker é de uma espécie de bandido, ou de alguém com habilidades sobre-humanas, que consegue controlar o mundo de dentro de um quartinho.

Acredita-se que, originalmente, um hacker era apenas uma pessoa que “fuçava nas coisas”, para extrair um desempenho melhor ou para usar em uma aplicação para a qual aquela coisa não foi originalmente planejada.

Nesse aspecto, usar uma escova de dentes para limpar entre os azulejos da casa pode ser considerado um hack (pois a escova não foi feita, originalmente, para aquela função – a escova foi “hackeada”).

Porém, é no mundo da tecnologia e da informática que a palavra hacker floresceu. E com o mesmo sentido da palavra “supostamente original”, de alguém que “fuça” nas coisas, usualmente para descobrir falhas de segurança, obter acesso não autorizado ou melhorar o desempenho (por exemplo, aplicar um hack para o processador do seu computador funcionar em frequência acima daquela para a qual foi originalmente projetado).

E o que é um “hacker financeiro”?

Um hacker financeiro é algo que poderia ter duas definições.

A primeira, de base tecnológica, seria aquele sujeito “conhecedor de tecnologia” que iria explorar (com finalidade maliciosa ou não) sistemas de informação usados para transações financeiras.

Poderia ser desde o profissional contratado por um banco, para achar vulnerabilidades em seus sistemas, até aquele “hacker bandido” que vai tentar, exatamente, identificar e explorar essas vulnerabilidades de forma criminosa.

Hacks financeiros para o dia a dia

Porém, o que vamos tratar neste artigo é algo mais modesto e mais associado à imagem do hacker como um “fuçador”, que procura obter um desempenho superior das coisas em que mexe. Sendo que a “coisa”, neste caso, é o próprio dinheiro.

Como obter mais valor pelo mesmo dinheiro?

Vamos, então, ver alguns desses hacks.

Hackeando o dinheiro ou a si mesmo?

Vamos começar lembrando uma coisa importante: No mundo das finanças pessoais, raramente um problema financeiro é, de fato, financeiro.

A maioria dos chamados “problemas financeiros” é, na verdade, problemas de comportamento e de estilo de vida.

Por isso, uma boa parte dos hacks aqui propostos não são sobre o dinheiro, mas sim sobre o nosso COMPORTAMENTO em relação ao dinheiro.

Hackear nossa vida financeira significa, basicamente, hackear a nós mesmos

Automatize suas finanças

O primeiro hack financeiro é bastante óbvio, mas muita gente não aplica: É a automatização das finanças.

Automatizar as finanças significa colocar as contas em débito automático, programar previamente aportes de investimento e, conforme o caso, de previdência.

Hoje em dia, praticamente todas as instituições financeiras oferecem ferramentas de automatização.

A automatização nos ajuda de duas formas: Uma delas é não nos deixando esquecer de pagamentos (que podem gerar multas e penalidades por atraso), e a outra é tentar contornar nossos vieses cognitivos, que adoram criar desculpas e justificativas para NÃO investir dinheiro.

É o famoso “só este mês eu vou deixar de investir para comprar um presente”…

Ter as finanças automatizadas te tira do processo de decisão. Você não terá o dinheiro “na mão” para resolver se vai investir ou não…

Muitas pessoas não gostam de automatizar as contas por medo (justificável) de erros e cobranças indevidas das instituições financeiras. Mas, aí, entra o segundo hack:

Faça checklists e verificações periódicas em suas finanças

Estabeleça um intervalo para checar seu extrato bancário e de cartão de crédito. Selecione o intervalo (uma vez por mês, uma vez por semana…), coloque em sua agenda favorita e programe alarmes para si próprio.

Nessas verificações periódicas você poderá, inclusive, ver se houve alguma movimentação estranha em sua conta (caso algo saia errado na automatização) e poderá tomar as providências rapidamente.

Com relação aos checklists, você pode definir vários checklists periódicos e por eventos.

Eu, por exemplo, gosto de fazer dois checklists, que faço trimestralmente (eles estão programados na minha agenda a cada três meses “até a eternidade”).

Um deles é a minha situação pessoal nos cartórios de protesto e serviços de proteção ao crédito.

Não sou usuário habitual de crédito, mas, como boa parte das pessoas, tenho medo de erros e fraudes, e quero saber o quanto antes se há algo de errado com o meu nome e o meu CPF, para que eu possa tomar providências rapidamente.

O outro checklist é uma verificação geral de minha firma, onde tiro todas as certidões fiscais e de regularidade (de todos os órgãos) e o que mais for necessário.

Eu não quero ser pego de surpresa!

Postergar gratificações

Eu tenho uma regrinha pessoal (até já escrevi em alguns livros meus) que chamo de “regra do dia seguinte”.

Essa regra diz que eu não posso comprar NADA (exceto coisas corriqueiras ou urgentes) no mesmo dia em que eu tive a ideia de comprar.

Pela regra, eu devo sempre esperar UM DIA. Eu tenho que dormir e aguardar o dia seguinte. Se, no dia seguinte, o desejo de comprar ainda “estiver lá”, eu estou autorizado a comprar.

Do contrário, o assunto é esquecido.

Pela minha experiência, entre 70 a 80% dos desejos impulsivos de comprar algo não sobrevivem a uma noite bem dormida…

Hacks financeiros com cartões de crédito

Uma funcionalidade básica do cartão de crédito é te dar um “crédito grátis” de até quarenta dias, contando o mês fechado e o período para fechamento da fatura.

Quando usado com sabedoria, o cartão de crédito se torna uma incrivelmente eficiente ferramenta de gestão do fluxo de caixa pessoal.

Uma coisa que eu gosto é de ter três cartões de crédito, com datas de vencimento escalonadas, com dez dias de intervalo entre eles. Dessa forma, você sempre está com os pagamentos efetivos “trinta dias para frente”.

Idealmente, esses cartões não devem ter cobrança de anuidade e devem oferecer algum tipo de recompensa (como milhas ou cashback).

Mas atenção!

Não tenha mais cartões que o necessário!

Eu já vi gente que gosta de “colecionar cartões de crédito”. Não é uma prática saudável.

Lembre-se de que cada cartão de crédito é sempre um ponto de vulnerabilidade, que pode ser hackeado (neste caso, no “mau sentido”), clonado ou fraudado.

Então, tenha apenas aqueles cartões que você vai, de fato, usar.

Hacks financeiros para compras online

Se você faz compras online com frequência, tem dois hacks financeiros que são muito interessantes (dependendo que que tipo de compra que você vai fazer).

Limpeza de cookies

O primeiro hack é que você, periodicamente, limpe os cookies e scripts de seu navegador e, se estiver pesquisando preços, faça a limpeza do navegador entre a busca e a efetivação da compra.

Isso é particularmente interessante ao comprar passagens aéreas ou estadias de hotel, em sites que têm ferramentas para explorar nosso medo de escassez e nossa necessidade de urgência.

Você vê uma passagem aérea e está escrito algo como “só três assentos disponíveis”. Em alguns minutos aparece “só um assento disponível” e o preço sobe…

Em boa parte das vezes isso é um “golpezinho” para forçar a compra rapidamente. Eu já passei por situações assim e, após a limpeza dos cookies (e, às vezes, um “reboot” em meu roteador), eu consegui retornar ao preço original e fazer a compra.

Deixe produtos no carrinho de compras

Este é um hack um pouco diferente. Assumindo que você já decidiu fazer a compra e está logado no site de ecommerce, largue as compras no carrinho e vá fazer outra coisa.

Algumas lojas têm ferramentas que vão ficar te “assediando” para finalizar a compra – em alguns casos dando descontos adicionais e condições especiais.

Tire proveito disso.

Reestruturação de dívidas

Este é um hack “clássico” do mundo doas finanças – tanto pessoais quanto corporativas.

Reestruturar uma dívida” não é nada mais que tomar uma dívida mais barata para pagar uma mais cara.

Por exemplo, pegar um crédito consignado para eliminar uma dívida no cheque especial.

É um hack “basicão”. Mas que algumas pessoas esquecem…

Reserva de emergência

A reserva de emergência é outro hack clássico que, às vezes, é negligenciado.

Uma das principais razões pelas quais as pessoas relutam em fazer uma reserva de emergência adequada é uma questão de mindset: Elas encaram a reserva de emergência como um INVESTIMENTO, quando deveriam encarar como um SEGURO.

Os investimentos que são adequados para a reserva de emergência (até pelas suas características) costumam ter retorno frustrante (e é esperado que tenham).

A reserva de emergência NÃO é para “ganhar dinheiro” em cima dela, e sim para … emergências!

Essa frustração com o retorno costuma passar se a pessoa parar de encarar a reserva de emergência como um investimento (que precisa dar retornos) e passar a encará-la como um SEGURO… onde ela própria faz o papel de companhia seguradora!

Você poderia, por exemplo, contratar um seguro de “riscos gerais”. Você iria ficar pagando prêmios para a seguradora e, se algo ruim te acontecer, a seguradora te dá a indenização.

Se nada acontecer com você, a seguradora vai ficar muito feliz, pois todo aquele dinheiro pago, ao longo dos anos, fica para ela.

Na reserva de emergência, você faz a mesma coisa… Só que a seguradora é VOCÊ, e todos aqueles prêmios acumulados estão sob seu poder, para usar como quiser e como bem entender.

Conclusão

Como em praticamente todos os artigos que se propõem a fazer uma “Lista”, este aqui não esgota todas as possibilidades.

Existem inúmeros hacks financeiros possíveis e muitos que ainda não foram sequer criados.

E qualquer pessoa, com conhecimento das ferramentas e com um pouco de criatividade, pode criar seus próprios hacks financeiros, que podem ajudar a ela própria e a outras pessoas.

Conhece algum outro hack financeiro interessante? Coloque aí nos comentários do artigo!

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