13/05/2019 • • por Andre Massaro

Reserva de emergência – o guia definitivo


Eu costumo dizer que uma reserva de emergência é um “seguro da dignidade pessoal”. Ter uma reserva de emergência nos dá a tranquilidade de que, em caso de algum imprevisto, não teremos que fazer “qualquer coisa por dinheiro”.

Neste artigo, quero explorar todos os temas importantes sobre a reserva de emergência (por isso escolhi o título “ligeiramente pretensioso” de “Reserva de Emergência – O Guia Definitivo”).

Veremos os seguintes tópicos:

O que é a reserva de emergência

Como já comentei no início do artigo, a reserva de emergência é o “seguro da dignidade pessoal”. Seguros existem para que consigamos remediar eventos “catastróficos” que afetam nossas vidas. “Catastrófico”, neste contexto, é um evento de alto impacto e do qual não conseguimos nos recuperar sem algum tipo de ajuda.

Vamos imaginar, por exemplo, o seguro de um automóvel. O carro é, para boa parte das pessoas, o primeiro ou segundo bem mais valioso (após a própria casa). A perda do carro é um evento de alto impacto financeiro (pelo próprio valor do bem) e que as pessoas precisam de uma ajuda (no caso, a indenização do seguro) para “remediarem” a situação. Isso porque são poucas as pessoas que têm uma situação financeira que às permitam, com tranquilidade, comprar outro carro em caso de perda.

A reserva de emergência também pode ser referida como ”reserva de liquidez”. Ela que vai dar liquidez (liquidez tem o sentido, em finanças, de “dinheiro na mão”) se o tal “evento catastrófico” acontecer.

Os dois eventos catastróficos mais comuns (que justificam a existência de uma reserva de emergência) são a perda da fonte de renda e os gastos imprevistos.

Alguns exemplos de gastos imprevistos, com efeitos potencialmente catastróficos (do ponto de vista financeiro) são: Multas e penalidades; reformas emergenciais em imóveis e procedimentos de saúde não cobertos por planos ou seguros.

Quem precisa de uma reserva de emergência

Um dos eventos mais “catastróficos” que pode acontecer a alguém é a perda repentina da fonte de renda. O caso mais óbvio é da pessoa que perde o emprego, mas não são apenas empregados que precisam de uma reserva de emergência.

Profissionais comissionados (como vendedores) têm, muitas vezes, uma renda irregular e precisam de um “fôlego”. Profissionais autônomos e empreendedores podem passar por momentos de “vacas magras” ou mesmo chegar num ponto em que a atividade que fazem se torna inviável.

Até mesmo funcionários públicos concursados (que associamos com estabilidade e renda regular) precisam de uma reserva de emergência. Especialmente nas esferas estaduais e municipais, onde são notórios os casos de atrasos e interrupções nos pagamentos.

Como regra geral, qualquer pessoa precisa de uma reserva de emergência. Mas alguns precisam mais que os outros. Profissionais técnicos que não ganham salários muito altos costumam ter mais facilidade para se recolocarem no mercado de trabalho.

Profissionais hiperespecializados ou em níveis hierárquicos muito altos (como executivos de empresas) podem ter maior dificuldade de recolocação. A facilidade de recolocação profissional é algo que ajuda a definir o tamanho da reserva de emergência.

O tamanho da reserva de emergência

Uma boa referência para o tamanho de uma reserva de emergência é o valor que te permite viver, com “alguma dignidade”, por, no mínimo, um ano.

E aqui não é preciso nenhuma sofisticação matemática. Não precisa trazer seus gastos futuros a “valor presente” nem nada do gênero. Use a velha e boa “conta de padaria”. Defina o valor mensal da “sobrevivência digna” e multiplique por doze meses.

Se o seu gasto mensal estimado é de 5 mil reais, sua reserva deverá ser de 60 mil reais. Simples assim…

Obviamente, quando se estima o valor mensal de despesas, é esperada certa “razoabilidade”. O valor deve considerar uma “sobrevivência digna” até você conseguir restabelecer o equilíbrio financeiro (o que, espera-se, aconteça em menos de um ano). Você não vai (ou pelo menos não deveria…) trocar de carro ou fazer uma viagem de lazer enquanto estiver vivendo de sua reserva de emergência. Isso seria uma atitude financeiramente irresponsável…

Então, vamos definir que o equivalente a UM ANO de despesas é aquele tamanho de reserva que vai atender à maioria das pessoas. É um valor bastante razoável (e que dá um bom fôlego financeiro para a pessoa se reorganizar).

Mas, como em tudo na vida, existem exceções. Para algumas pessoas, UM ANO de reserva financeira pode não ser um valor adequado.

Quem DEVE ter reserva de emergência para MAIS de um ano?

Como já foi comentado anteriormente, alguns profissionais podem ter maior dificuldade de recolocação no mercado de trabalho.

Altos executivos são um caso emblemático. Para essas pessoas, não existe “classe média”. Ou o sujeito se recoloca muito rapidamente (às vezes é uma pessoa de importância estratégica para alguma outra empresa) ou pode levar muito tempo. Eventualmente, um alto executivo pode nunca mais conseguir se recolocar nas condições em que estava e é obrigado a fazer um downgrade (ou então, vai virar consultor ou “coach”…).

Outro exemplo são profissionais altamente especializados. Eu conheci, uma vez, um cientista que era contratado da NASA (num projeto secundário, não relacionado com exploração especial). Um sujeito que era tão especializado em determinado assunto que só tinha “serventia” para a NASA. Ele acabou sendo pego no “contrapé” por cortes orçamentários do Governo Americano, seu contrato foi rescindido e ele levou um grande tempo para se recolocar. Ainda assim, se recolocou em condições muito inferiores às que ele tinha, pois aquele conhecimento altamente especializado tem baixíssimo valor econômico fora da NASA.

Quem PODE ter reserva de emergência INFERIOR a um ano?

São poucos os casos de pessoas que podem “se dar ao luxo” de terem uma reserva pequena. Dentre esses, três grupos merecem destaque:

  • Aqueles que têm cônjuges que tenham uma boa renda (suficiente para “bancar” a família toda por tempo indeterminado). E, importante: Essa renda do cônjuge deve vir de alguma atividade não correlata. De nada adianta um casal que trabalha com a mesma coisa e, no caso de uma crise, ambos são afetados simultaneamente.
  • Aqueles que não contribuem com um valor expressivo para a manutenção do lar. Um caso comum são pessoas jovens, em início de carreira, que ainda moram com os pais (e os pais têm renda).
  • Aqueles que têm estabilidade profissional garantida por Lei. É o caso, por exemplo, de funcionários públicos federais concursados. Funcionários públicos em esferas inferiores à federal precisam ficar mais atentos à saúde financeira do empregador. Já na esfera privada, alguns funcionários têm estabilidade, mas, quase sempre, isso é uma coisa temporária.

Onde investir a reserva de emergência

A reserva de emergência deve ser investida. Porém, investimos a reserva de emergência muito mais com o objetivo de preservá-la do que, propriamente, de “ganhar dinheiro” com ela.

A postura com relação à reserva de emergência é a seguinte: É preciso preservar o valor dela frente à inflação (isso é a prioridade). E, SE DER para ganhar algo acima da inflação, ótimo… Mas se não der, paciência.

A PRIORIDADE ABSOLUTA é a preservação do valor. Qualquer coisa acima disso é algo secundário.

Um investimento adequado para a reserva de emergência deve atender a três requisitos:

1) Ser de renda fixa
2) Ter juros pós-fixado
3) Ter liquidez imediata

Um investimento que não atenda a esses três requisitos NÃO SERVE para reserva de emergência. E aqui temos MARGEM ZERO para discussões e argumentações. Nenhuma flexibilidade é permitida aqui.

A razão é muito simples:

NÃO DÁ PARA “PROGRAMAR” EMERGÊNCIAS

Emergências acontecem de forma inesperada. E, quando elas acontecem, precisamos do dinheiro “na mão”. Um investimento de renda variável pode estar passando por um período de baixa quando a emergência surgir (o que pode acabar levando a um resgate com prejuízo, ou mesmo a uma perda significativa).

Investimentos em renda fixa prefixados (ou indexados à inflação) podem sofrer oscilações violentas de preço por causa da movimentação das taxas de juros do mercado. Isso também pode levar a perdas se a emergência ocorrer num momento em que o mercado está “desfavorável”.

Já a questão da liquidez imediata, creio eu, dispensa explicações. De nada adianta uma reserva de emergência que não pode ser acessada quando a emergência surge…

Atualmente, temos poucos instrumentos que atendem a esses três pré-requisitos:

  • Tesouro Selic
  • CDBs pós-fixados de liquidez diária
  • Fundos de Renda Fixa
  • Caderneta de Poupança

Tesouro Selic

A maior vantagem do Tesouro Selic é a segurança. Em termos de segurança, NADA consegue competir com um título público federal. Também conta a favor a remuneração, que é 100% da taxa Selic descontada de taxas e impostos.

A desvantagem é que, apesar de ter liquidez diária (podendo ser resgatado a qualquer momento), o dinheiro só fica disponível no dia útil seguinte. Por isso, não é prudente ter 100% da reserva de emergência em Tesouro Selic.

CDBs pós-fixados de liquidez diária

São extremamente seguros se observado os limites da cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).

A remuneração varia conforme o banco emissor, mas deve-se buscar uma remuneração líquida superior à de um Tesouro Selic.

Uma das grandes vantagens do CDB de liquidez diária é que a liquidez também é imediata. Ou seja, o valor fica disponível no dia do resgate.

(Saiba mais sobre CDBs neste artigo aqui: “CDB – Como investir“)

Fundos de Renda Fixa

Deve-se dar preferência a fundos indexados às taxas de juros (usualmente o CDI). A liquidez é diária e imediata.

A maior desvantagem é a tributação (semestral – através do infame “come-cotas”).

Caderneta de Poupança

É, certamente, o “patinho feio” da lista. A rentabilidade é baixa, a segurança é limitada à cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) e o rendimento é perdido se o resgate ocorrer antes da “data de aniversário”.

Dificilmente um investidor minimamente sofisticado vai escolher a Caderneta de Poupança como “veiculo” para a reserva de emergência.

O que NUNCA fazer com a reserva de emergência

Reserva de emergência é para emergências – ponto final.

Não se deve usar a reserva de emergência para ABSOLUTAMENTE NADA além disso (sob nenhum pretexto).

Novamente, NÃO SE PODE PROGRAMAR EMERGÊNCIAS.

Se você usar a reserva (ou parte dela) para qualquer outra coisa e, no dia seguinte, a tal “emergência” acontecer, o arrependimento será grande…

Não que surja a “oportunidade de sua vida” e que você precise de dinheiro. A reserva de emergência é “intocável”.

O dinheiro da reserva só deve ver a “luz do dia” em caso de emergências reais.

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