03/01/2020 • • por Andre Massaro

Infidelidade financeira – O que é (e quais os sinais)


Infidelidade financeira (que alguns se referem como “traição financeira”) é quando, em um casal, um dos cônjuges esconde informações financeiras do outro. A infidelidade financeira pode ser a precursora de vários problemas em uma família, de simples conflitos até a infidelidade conjugal “clássica” e, em casos extremos, leva à completa ruptura do relacionamento.

A infidelidade financeira pode se manifestar de várias formas e por vários motivos. Neste artigo, vamos ver algumas dessas manifestações e motivos. Também veremos formas de identificar sinais, pois essas manifestações costumam seguir alguns padrões que são, em grande parte, observáveis.

Antes de prosseguir, dê uma olhada neste vídeo sobre Infidelidade Financeira do canal TopMoney:

Por que a infidelidade financeira acontece

Uma lista completa de motivos seria algo potencialmente infinito. Por isso, vamos ver algumas motivações comuns para a infidelidade financeira:

Vergonha

Quando um dos cônjuges tem vergonha e receio de ser julgado pelo outro cônjuge por alguma atitude, hábito ou situação.

Medo

Quando um dos cônjuges oculta informações por receio de uma reação agressiva (ou mesmo descontrolada) do outro cônjuge.

Desconfiança

Quando um dos cônjuges desconfia da responsabilidade financeira ou das intenções do outro cônjuge.

Controle

Quando um dos cônjuges tem personalidade controladora e não quer “prestar contas” da gestão financeira da família. O quer restringir a autonomia financeira do outro cônjuge.

Antecipação

Quando um dos cônjuges está se antecipando para uma possível ruptura e quer se preparar, do ponto de vista financeiro e patrimonial.

As manifestações da infidelidade financeira

Eu quero, neste momento, fazer uma “analogia contábil”. Em Contabilidade, os principais componentes das informações financeira são o ativo (bens e direitos), o passivo (obrigações com terceiros – no caso de dívidas e financiamentos – e com os sócios, no caso do patrimônio líquido), as receitas (o “dinheiro que entra”) e as despesas (o “dinheiro que sai”).

Podemos dizer que existe um padrão similar na infidelidade financeira: A ocultação de bens e dinheiro (os ativos), a ocultação de dívidas (os passivos), a ocultação de renda (receitas) e a ocultação de vícios e hábitos de consumo “potencialmente questionáveis” (despesas).

Ocultação de bens e dinheiro

Um cônjuge pode ocultar bens do outro por vários motivos. Um motivo comum é a desconfiança, quando um dos cônjuges é meio “porra louca” com dinheiro e o outro se sente na obrigação de formar uma reserva escondida.

Imagine a seguinte situação: Numa família, o maridão é meio “flexível demais” com o dinheiro e gosta de gastar, sem pensar muito nas consequências. Um dia, a família passa por uma situação difícil e a mulher, mais responsável, anuncia que tem uma poupança guardada (que foi construída às escondidas – longe dos olhos do marido doidão) e, com isso, ela “salva a pátria”.

Isso pode ser considerado, em princípio, uma “infidelidade do bem” – uma atitude bem-intencionada. Porém, como diz aquele velho ditado, “o caminho para o inferno é pavimentado por boas intenções” e toda traição é uma traição (cuidado com o relativismo moral!).

Outra situação, muito mais grave, é quando a ocultação é motivada pela antecipação a uma separação ou divórcio. Em algumas famílias, às vezes acontece de um cônjuge querer dar um “tombo” no outro e começar a desviar bens e dinheiro para escapar das obrigações legais de repartição do patrimônio.

É uma situação relativamente comum (especialmente em famílias mais abastadas) e é daquelas situações em que é difícil saber onde está a linha demarcatória que separa a infidelidade da fraude.

Ocultação de dívidas

Talvez o lado mais visível da infidelidade financeira seja a ocultação de dívidas. Até mesmo na cultura pop é comum narrativas de famílias que estão “bem” e que, por conta de dívidas contraídas por um dos cônjuges, acabam indo para o fundo do poço.

A ocultação de dívidas é motivada, principalmente, pela sensação de vergonha e de medo.

Dívidas “ocultas” comuns são aquelas causadas por vícios (como o jogo), hábitos de consumo questionáveis (ou patológicos) ou por problemas no fluxo de renda.

Dívidas por vícios são um problema “clássico” e é um notório destruidor de lares. Dívidas por consumismo também são complicadas. Mas o endividamento causado por problemas com a renda merece uma atenção especial.

Às vezes, por circunstâncias diversas, a pessoa sofre uma grande diminuição ou perda total da renda. Seja por perder o emprego ou por uma diminuição no ritmo dos negócios.

Em situações assim, o cônjuge responsável por aquela renda pode ficar com vergonha (de ser visto pela família e por outras pessoas como um “perdedor”), pode ter medo (de ser julgado desprezado ou abandonado pela família) ou entrar em estado de negação profunda (na linha “é uma coisa passageira e logo volta tudo ao normal” – só que não…).

A questão do “medo” pode parecer um tanto dramática, mas eu quero registrar aqui que tenho um amigo que enfrentou uma situação dessas (era executivo de uma empresa e perdeu o emprego). Ele perdeu a capacidade de manter o nível de vida e foi sumariamente “demitido” pela família. É cruel, mas acontece… E eu já vi.

Ocultação de renda

Às vezes, um dos cônjuges tem resistência em revelar ao outro sua renda. Esse tipo de ocultação costuma acontecer por medo, desconfiança ou desejo de controle.

A ocultação da renda por medo é bastante comum em casais em que um dos cônjuges tem um ego, digamos… um pouco mais “frágil” e se sente diminuído por saber que o outro cônjuge ganha mais dinheiro. Nesse caso, o cônjuge mais bem-sucedido oculta seu sucesso financeiro por medo de causar sofrimento ou mesmo medo de abandono (sim, tem gente que rompe um relacionamento porque não tolera ver o outro fazer mais sucesso…).

O contrário também acontece, quando um cônjuge oculta a renda por achar que ela é BAIXA (o que causaria vergonha).

A ocultação da renda também é um precursor da ocultação de bens e dinheiro. O cônjuge “ocultador” esconde a renda verdadeira para poder canalizar o dinheiro para suas finalidades “secretas”.

Ocultação de despesas

As despesas podem levar às dívidas, cuja ocultação é particularmente grave e perniciosa. Porém, alguns cônjuges podem ocultar despesas (ainda que elas não gerem dívidas) por vergonha, medo ou para tentar escapar de um cônjuge com comportamento controlador e dominador.

A ocultação de despesas por vergonha ou medo pode ser um jeito de ocultar outras formas de infidelidade conjugal mais “típicas”, como despesas envolvendo parceiros e “escapadas” fora do casamento.

Em outros casos, as despesas a serem ocultadas podem até ter um motivo razoável, mas a pessoa tem medo de uma reação do cônjuge caso elas sejam descobertas. Conheci, uma vez, por exemplo, uma família em que um dos cônjuges queria apoiar financeiramente uma determinada causa social, mas temia uma condenação e uma reação agressiva do outro cônjuge (que não “compactuava” com a mesma causa).

E outro motivo comum da ocultação de despesas é, pura e simplesmente, evitar questionamentos e “encheção de saco” por parte de um cônjuge controlador e intrometido.

Às vezes, parece que algumas pessoas acham que o casamento é uma “fusão”, onde duas pessoas vivem como se fossem irmãos siameses, sem qualquer tipo de autonomia ou liberdade individual. Tem casais em que um cônjuge não consegue nem comprar “um par de meias” sem ter que prestar contas para o outro – esse tipo de comportamento motiva a ocultação de despesas.

Os sinais da infidelidade financeira

Acredito que só de ler as motivações e as manifestações da infidelidade financeira, os sinais já ficam bastante óbvios e visíveis.

Mas vamos ver alguns sinais. Ressaltando que são SINAIS, e não necessariamente PROVAS ou EVIDÊNCIAS de infidelidade financeira. Sinais podem ser investigados, mas não se deve fazer julgamentos (e se deve evitar tomar atitudes) baseados em SINAIS.

  • Ter contas bancárias ou cartões de crédito “secretos”
  • Ter hábitos de consumo acima da renda “declarada”
  • Evidências físicas de despesas ocultas (como sacolas de compras, recibos etc.)
  • Conversas e trocas de mensagem “estranhas” (que sugerem que o cônjuge está sofrendo algum tipo de cobrança)
  • Conversas e trocas de mensagens igualmente “estranhas” com advogados, contadores e outros profissionais (que sugerem uma movimentação de patrimônio em antecipação a um divórcio)
  • Posturas defensivas ou agressivas quando se tenta falar sobre dinheiro
  • Reações passionais suspeitas na linha “ohhhh… você está desconfiando de mim” ou “ohhhh… você não me ama mais” ao ser questionado sobre dinheiro

Como evitar a infidelidade financeira

Essa é difícil… Infidelidade financeira é daquelas coisas meio complicadas que, às vezes, pode simplesmente não ter solução.

O ideal é já ter um alinhamento de visão sobre dinheiro e gestão financeira ANTES de casar, mas isso não vai “refrescar muito” quando as pessoas já estão casadas…

Uma vez eu ouvi de um conhecido (que era ligado à área de segurança pública) que é muito difícil detectar quando uma pessoa está mentindo (e que essa coisa de que “mentiroso não olha nos olhos” é 100% bullshit). Por isso, a melhor coisa a fazer é, em primeiro lugar, EVITAR CRIAR situações em que a pessoa se sinta “obrigada” a mentir.

O que ele quis dizer com isso é que muitas pessoas mentem por medo ou para não ferir os sentimentos dos outros. Obviamente que existem aqueles mentirosos “beirando a psicopatia”, que mentem de forma deliberada e maliciosa. Mas boa parte das pessoas mente, simplesmente, por medo de ser julgada ou agredida.

Então, quer evitar a infidelidade financeira? Minha dica é NÃO JULGUE, NÃO CONDENE, NÃO AGRIDA, NÃO DESPREZE, NÃO AMEACE COM ABANDONO, NÃO “SUFOQUE”, RESPEITE A INDIVIDUALIDADE e RESPEITE A AUTONOMIA FINANCEIRA de seu cônjuge.

Faça do seu lar e de sua família um “espaço seguro”, onde seu cônjuge possa ser transparente e verdadeiro sobre sua situação financeira, sem que ele tema um “dedão acusador” no nariz dele.

AJUDE seu cônjuge antes de qualquer coisa. “Na alegria e na tristeza”, lembra?

E lembre-se: A omissão deliberada é uma forma de mentira

“Eu não menti, eu omiti”. Para mim, uma pessoa que diz essa frase merece ir para um paredão de fuzilamento.

Essa é uma das frases mais “sacanas” e maliciosas da Língua Portuguesa. Imagine que alguém te venda um carro defeituoso. O vendedor sabia da existência desse defeito e “ficou na moita”. Aí seu filho sofre um acidente com esse carro e morre – e o acidente foi causado por esse defeito.

Aí o vendedor te diz, na maior cara de pau: “Eu não menti, eu apenas omiti”.

Omissão deliberada é a mesma coisa que mentir. Atos importam, e as consequências também importam. Se uma pessoa é induzida a erro por uma omissão (deliberada) sua, você será tão responsável por aquela consequência quanto se tivesse mentido.

Exija transparência e sinceridade de seu cônjuge. Mas dê em troca, igualmente, transparência e sinceridade, não mentindo e nem omitindo.

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