25/02/2021 • , • por Andre Massaro

Crometofobia – Entenda a fobia financeira


Sim, fobia financeira existe e tem esse nome esquisito aí: Crometofobia (às vezes chamado de Crematofobia).

A palavra vem de “chermato”, que é dinheiro em Grego, e designa, de forma geral, o medo do dinheiro e de “assuntos financeiros”.

A fobia financeira (crometofobia) é relacionada com um outro tipo de fobia (que, inclusive, já foi objeto de um artigo aqui no site) chamada peniafobia, que é o “medo de ficar pobre”.

Mas é importante, então, distinguir as duas coisas: A crometofofia é o medo de dinheiro (já vou explicar melhor o contexto), enquanto a peniafobia é o “medo de ficar pobre” (e não o medo de pessoas pobres, como alguns gostam de dizer…).

Fobia financeira ou “medo de dinheiro”?

A tradução literal de crometofobia seria “medo de dinheiro”.

Sabemos que existe todo tipo de fobia bizarra, mas é difícil imaginar alguém que tenha medo do dinheiro “físico” (notas e moedas).

Alguém que você poderia fazer sair correndo simplesmente chegando perto dela, com uma nota de cem reais na mão e falando “buuu!”.

A fobia financeira acaba sendo, então, mais associada a um desconforto que a pessoa sente, ao ter que tratar de assuntos financeiros, do que medo do dinheiro em si.

Medo do dinheiro ou NOJO do dinheiro?

Existem pessoas que têm NOJO do dinheiro físico. O nojo é, até certo ponto, justificável, pois as notas e moedas circulam de mão em mão e são enfiadas “sabe-se lá onde”.

Inclusive, muitos gurus de autoajuda (que puxam mais para o lado do misticismo) gostam de dar uma “forçada de barra” e dizer que o nojo do dinheiro físico é algo que pode, por vias misteriosas, prejudicar a situação financeira da pessoa.

Bem, vou falar por mim… Eu não acho que o dinheiro físico seja a coisa mais “limpinha” do mundo e não sinto nenhum tipo de prazer em manipular notas e moedas.

Mas pode ter certeza de que eu fico feliz da vida ao ver grandes saldos em conta corrente e investimentos.

Atualmente, o dinheiro físico é apenas uma parte do meio circulante existente (a maior parte do dinheiro é escritural – ou seja, só existe na forma de registros eletrônicos) e caminhamos, rapidamente, para um mundo em que o dinheiro será 100% digital.

Isso significa que, em breve, os gurus de autoajuda e “místicos da prosperidade” terão que inventar alguma outra lorota para explicar o insucesso financeiro de algumas pessoas…

Os sintomas e manifestações da fobia financeira

A crometofobia pode ter múltiplas manifestações e pode ser, muito facilmente, confundida com a já mencionada peniafobia (ou mesmo a ansiedade financeira).

Porém, a peniafobia leva a uma preocupação excessiva com o dinheiro, no sentido de controlá-lo e acumulá-lo.

Aqueles que sofrem de peniafobia tendem a ser aquelas pessoas que têm dinheiro, sabem tudo sobre suas finanças e agem de forma mesquinha até consigo próprias.

Já quem sofre de fobia financeira, tipicamente, tem um comportamento oposto, de EVITAR assuntos financeiros (o que acaba levando ao descontrole financeiro).

Quem tem fobia financeira sente grande desconforto ao ver, por exemplo, o próprio saldo bancário ou a fatura do cartão de crédito.

A pessoa evita ter contato com essas informações para “não ter dor de cabeça” e, com isso, acaba abandonando as próprias finanças e deixando que a situação fique fora de controle.

As pessoas que sofrem de crometofobia também costumam reagir de forma agressiva quando confrontadas com sua situação financeira ou quando são forçadas a discutir algo que envolva dinheiro.

Frequentemente gritam, se descontrolam e dão chiliques na linha “Eu não quero falar sobre isso! Me deixe em paz!”.

Outro sintoma são pensamentos associados a estados depressivos e de ansiedade relacionados com dinheiro. E, nesse aspecto, a crometofobia acaba se associando à ansiedade financeira.

Consequências da crometofobia

A consequência menor da fobia financeira é o desconforto. Toda fobia acaba afetando, em maior ou menor grau, a qualidade de vida da pessoa.

A consequência maior (e mais grave) é o descontrole financeiro.

Ao evitar ter contato com as próprias finanças, frequentemente a pessoa deixa saldos descobertos em sua conta corrente, gasta além dos limites e acaba se endividando (muitas vezes, sem sequer saber).

Acaba sendo como a pessoa que evita ir ao médico (pois tem pavor de receber uma “notícia ruim”) e, por conta disso, nunca faz exames e procedimentos de rotina.

No dia em que tem alguma dor insuportável, a pessoa se rende, resolve ir ao médico e descobre que tem uma doença grave (às vezes terminal) que poderia ter sido tratada antes.

A crometofobia tem o potencial de causar um caos na vida da pessoa. Às vezes um caos tão grande que ela não consegue mais sair dele.

E essa é a maior ironia da fobia financeira. A pessoa alimenta, com sua fobia, exatamente aquilo de que tem medo – que é uma situação financeira descontrolada, desconfortável e causadora de grandes angústias.

Como “resolver” (se é que é possível) a fobia financeira

Como praticamente toda fobia, o que vai determinar a conduta é o impacto dela sobre a vida da pessoa.

Se a fobia financeira for uma coisa realmente paralisante, doentia (que gera episódios de depressão ou de agressividade) ou está colocando o equilíbrio financeiro da pessoa em alto risco, o ideal é buscar ajuda profissional especializada com alguém da área de saúde mental.

Se for uma coisa “menos grave”, o interessante é ir fazendo uma “terapia de dessensibilização caseira”, onde a pessoa vai se expondo, gradativamente, às situações e assuntos financeiros que desencadeiam a reação aversiva.

O problema é que é raro a pessoa fazer isso de sua própria iniciativa. Não é comum uma pessoa que sofre de fobia financeira “tomar consciência” de sua própria situação de forma espontânea.

Na maioria das vezes, a pessoa só ”cai em si” (quando cai…) quando a situação já está totalmente fora de controle. Nesse momento, em geral, a pessoa já está endividada, sem dinheiro e sendo cobrada por credores (às vezes de forma agressiva).

Por conta disso, acaba sendo muito difícil tentar ajudar alguém que está sofrendo de fobia financeira. É muito comum que, ao tentar ajudar, a pessoa reaja de forma agressiva e acuse aqueles que estão oferecendo ajuda de “se meterem na vida dela”.

Por isso, se precisar ajudar alguém, a recomendação é o uso da sensibilidade…

Se a pessoa a quem você está tentando ajudar é a si próprio, “vá com calma” e faça a dessensibilização de forma gradual, até sentir que está com mais controle sobre sua vida financeira.

Se for ajudar outra pessoa, cuidado para não fazer nada que possa ser interpretado como “invasão de espaço”, pois isso pode ter o efeito oposto, fazendo com que a pessoa “só de birra” se fixe ainda mais naquele comportamento.

E, se sentir que não deve “fazer nada”, não faça. Não se coloque na situação de ser o “herói” de alguém – especialmente de alguém que não quer ser salvo.

Em algum momento, a pessoa acaba tendo uma confrontação forçada com sua própria situação.

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