20/01/2021 • • por Andre Massaro

Microeconomia e Macroeconomia – Entenda (de uma vez por todas) a diferença


O campo de conhecimento das Ciências Econômicas (vulgo “Economia”) é dividido em Microeconomia e Macroeconomia. E a correta diferenciação entre esses dois campos costuma causar alguma confusão em leigos e estudantes iniciantes de Economia.

Microeconomia e Macroeconomia é uma das formas de “dividir” a economia e é, possivelmente, a mais comum.

Existem outras formas de dividir, como entre Economia Positiva e Normativa, Economia Racional e Comportamental, Economia Ortodoxa e Heterodoxa, Teoria Econômica e Economia Aplicada entre outros sistemas de classificação.

Mas Microeconomia e Macroeconomia é o sistema de classificação “prevalente” nas Ciências Econômicas.

Vamos, então, dar uma olhada no que significa cada coisa.

A diferença entre Microeconomia e Macroeconomia explicada em uma única frase

“Microeconomia é o estudo econômico dos indivíduos; Macroeconomia é o estudo econômico dos agregados”.

Pronto, essa é a explicação “curta”.

Mas, se você é um “leitor típico” do meu site, tenho certeza que você não vai se contentar com uma explicação de uma única frase e vai querer ir um pouco mais fundo.

Um erro comum de interpretação sobre Microeconomia e Macroeconomia

Os prefixos “micro” e “macro” ajudam a ter uma ideia intuitiva do que são a Microeconomia e a Macroeconomia.

Por conta dessa ideia intuitiva, a maioria das pessoas associa macro ao “todo”. Então falam “é a economia do ‘todo’”. Sendo que esse “todo” é, tipicamente, um país ou o mundo.

Então, é comum se associar Macroeconomia com “a economia do país”.

Já Microeconomia vai para o caminho inverso e as pessoas associam com “Economia de coisas pequenas”. Sendo que “pequeno” é algo que não seja um país…

Esse entendimento intuitivo até faz algum sentido, mas não é correto.

Vamos ver quais são as definições corretas (“não intuitivas”) de Microeconomia e Macroeconomia.

O que é Microeconomia

A Microeconomia é a parte das Ciências Econômicas que estuda as INTERAÇÕES ENTRE AGENTES ECONÔMICOS INDIVIDUAIS.

Então, um pré-requisito para que um estudo econômico seja enquadrado em MICROECONOMIA é que ele esteja tratando de indivíduos.

E o que são indivíduos (ou “agentes econômicos individuais”) em um contexto de Economia? Os indivíduos podem ser pessoas, empresas, instituições ou mesmo… países!

Por isso que não é correto dizer que “Macroeconomia é a economia dos países”. Dependendo das circunstâncias, uma análise de um país pode ser MICROECONÔMICA.

A Microeconomia estuda a interação de pessoas com empresas, de empresas com empresas, de países com países, de empresas com países e por aí vai.

O modelo econômico que, talvez, seja o mais conhecido do mundo (inclusive pelos leigos) é o da “oferta e demanda”. E a relação entre oferta e demanda é um dos pilares da Microeconomia.

O modelo de oferta e demanda mostra como os preços são formados através da interação dos diversos agentes econômicos individuais do mercado – os compradores e vendedores.

Além da oferta e demanda (que é o “modelão básico”), a Microeconomia tem outros conceitos e ferramentas como:

  • Elasticidade: A sensibilidade da oferta e da demanda às variações de preços
  • Teoria do Consumo: O estudo das preferências do consumidor
  • Teoria da Firma: A versão “invertida” da Teoria do Consumo, onde se analisa as preferências e objetivos da empresa
  • Utilidade: A forma como se tenta mensurar o prazer, a satisfação e a felicidade de um consumidor
  • Custo de Oportunidade: Estudo das restrições no emprego de recursos
  • Lucro Econômico: Conceito de lucro que considera o custo de oportunidade
  • Estrutura de Mercado: Estudo dos modelos de competição entre agentes econômicos, como monopólios, oligopólios, competição perfeita etc.
  • Teoria dos Jogos: Estudo dos processos decisórios dos agentes econômicos baseado em modelos matemáticos
  • Teoria dos Contratos: Estudo de como os agentes econômicos fazem arranjos e acordos, em cenários onde a informação não é perfeitamente distribuída (assimetria de informações).

O que é Macroeconomia

Se a Microeconomia é o estudo dos indivíduos, a Macroeconomia é o estudo dos AGREGADOS.

E o que é um “agregado”? É, exatamente, aquilo que parece ser: “Um bando de gente junta” (sendo que “gente”, neste contexto, não são só pessoas, mas agentes econômicos de forma geral).

A Macroeconomia, então, estuda o que acontece com “toda aquela galera” que está dentro de um determinado agregado econômico.

Vamos assumir que um país é um “agregado” (um bando de gente juntas).

Aquele país tem determinados indicadores e determinadas características que refletem, de forma geral, o que acontece com toda aquela “galera” que está ali dentro.

Então, em Macroeconomia, se estuda a atividade econômica, o comportamento agregado dos preços (inflação), a situação fiscal (as “contas públicas” daquele agregado) e as reservas de recursos para transações externas.

Leia aqui: Os indicadores econômicos importantes para o investidor

A atividade econômica pode ser medida por vários indicadores, sendo que os mais populares são o PIB (Produto Interno Bruto) e o Índice de Desemprego.

O comportamento agregado dos preços é mensurado pelos índices de inflação (como o IPCA e o IGP-M, no Brasil). E, em grande parte baseado no comportamento da inflação, o Governo toma decisões sobre TAXAS DE JUROS.

A situação fiscal representa o estado das “contas públicas” daquele agregado que está sob análise – se o governo gasta mais do que arrecada ou se “sobra dinheiro”. Esse resultado das contas públicas tem implicações para os agentes econômicos individuais que vivem naquele agregado.

E as contas de reservas mostram quais os recursos que aqueles agregados têm para poderem fazer transações comerciais externas (com outros países, por exemplo).

Quando se está analisando um “agregado” ou um “agente individual”?

No contexto de macroeconomia, um agregado é, tipicamente, um país. Mas pode ser uma determinada região do mundo (como um bloco econômico), um continente, uma cidade ou mesmo um grupo específico.

Se eu fizer um estudo sobre o nível de renda dos torcedores do Corinthians, do sexo masculino, com idade entre 20 a 30 anos e que vivem em Pindamonhangaba, esse estudo será macroeconômico (pois se trata de um GRUPO sendo analisado, e não os elementos desse grupo individualmente).

Se eu quiser fazer um estudo sobre o índice de desemprego entre os fãs do Wesley Safadão, isso também será um estudo MACROECONÔMICO – pois estou analisando um grupo e não indivíduos.

E, desmistificando aquela história de que “Macroeconomia é a economia de um país”, imagine que vamos analisar o desempenho do Brasil no mercado mundial de soja, comparando com os Estados Unidos.

Neste caso, estamos analisando Brasil e EUA como se fossem duas “empresas” competindo em determinado mercado. Seria, então, uma análise microeconômica (apesar do objeto de nossa análise serem PAÍSES).

Neste caso, os países estão fazendo o papel não de agregados, mas de indivíduos competindo entre si.

Conclusão

Microeconomia e Macroeconomia é a forma de classificação mais comum nas Ciências Econômicas.

Muita gente associa, intuitivamente, a MACROECONOMIA à “economia de países” e a MICROECONOMIA à “economia de empresas ou pessoas”. Porém, como vimos neste artigo, esse entendimento “simplista” não está totalmente correto.

Dependendo do contexto, países, empresas e pessoas podem assumir o papel de agentes individuais ou de “agregados”. E é esse papel que define se a abordagem da análise deve ser microeconômica ou macroeconômica.

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