16/01/2021 • , , , • por Andre Massaro

Superpoderes da vida real (que você pode ter)


Levante a mão quem nunca sonhou, em algum momento, em ganhar superpoderes e ter algum tipo de vantagem em relação aos “reles mortais”.

A boa notícia é que, nos tempos atuais, está relativamente fácil ter superpoderes – se você tiver um entendimento correto do que é um “superpoder”.

O que é um superpoder

No mundo da fantasia e do entretenimento, um superpoder é algo que te dá alguma capacidade sobre-humana.

Uma capacidade sobre-humana é uma capacidade que está acima (ou totalmente fora do alcance) da maioria (ou da totalidade) dos seres humanos e que te dá uma vantagem significativa em relação a outras pessoas (e isso é importante na definição).

Por exemplo, a capacidade de executar a magnífica “Danúbio Azul”, de Strauss, usando uma outra abertura corporal (como é o caso do “super-herói da vida real” Mr. Methane, no vídeo abaixo), pode ser uma coisa sobre-humana, mas não dá nenhuma vantagem significativa em relação às outras pessoas (aliás, no vídeo, pelo efeito que causou nos jurados, parece ser exatamente o oposto disso…).

O maior dos superpoderes – ter dinheiro

Então, pelo entendimento geral das histórias de super-heróis, superpoderes são coisas como voar, ficar invisível, ter força sobre-humana, regenerar o próprio corpo e coisas do gênero.

Alguns superpoderes (como voltar no tempo) talvez nunca venham a existir. Mas boa parte desses poderes dos super-heróis são coisas que podem ser resolvidas com tecnologia.

Algumas tecnologias que nos proporcionam superpoderes já existem. E outras estão em desenvolvimento.

Mas o que as tecnologias têm em comum é o seguinte: Elas CUSTAM.

Então, “ter dinheiro” já é, por si só, um superpoder, pois isso te permite ter acesso a tecnologias que te dão (ou darão, no caso de tecnologias ainda não disponíveis) vantagens e capacidades sobre-humanas.

Mas o objetivo deste artigo é falar sobre superpoderes que você pode desenvolver com pouco ou nenhum dinheiro (mas vão envolver algum esforço intelectual…).

Como ganhar superpoderes de verdade

Então, já sabemos que um superpoder é um poder que te dá uma capacidade sobre-humana (acima dos seres humanos “normais”) e que representa algum tipo de vantagem significativa (“voar” pode ser um superpoder; mas voar em um avião comercial “com toda a galera dentro”, se sentindo uma sardinha enlatada, não é vantagem nenhuma…).

A boa notícia é que você PODE ganhar superpoderes de forma relativamente fácil.

Isso porque, aparentemente, a humanidade está “andando para trás” em alguns aspectos…

Humano primitivo golpeando com osso (cena do filme "2001 - Uma Odisseia no Espaço")

Existe, no mundo da Psicologia (mais especificamente da Psicometria, que é o campo de conhecimento voltado para a mensuração da inteligência) uma tese chamada de “Efeito Flynn”, que é um suposto aumento constante da inteligência da humanidade, verificável através de testes padronizados.

Porém, algumas evidências sugerem que o tal “Efeito Flynn” está, nos últimos anos, se desacelerando ou, pior que isso, se revertendo!

Isso pode significar (e, se você der uma olhada no comportamento das pessoas nas redes sociais, provavelmente vai achar que, de fato, significa) que as pessoas estão ficando… mais burras!

Se a humanidade (como conjunto) estiver, de fato, “emburrecendo” e ficando mais estúpida e ignorante, TUDO o que você precisa fazer é NÃO EMBURRECER.

Em um mundo de idiotas, uma pessoa com uma razoável inteligência (não precisa ser nenhum gênio) já está muito acima da maioria das pessoas.

Nesse aspecto, um pouquinho de inteligência e um pouquinho de esforço intelectual para desenvolver as habilidades e conhecimentos que veremos a seguir (os “superpoderes da vida real”) vão te dar capacidades MUITO ACIMA do ser humano médio e vão representar uma GRANDE VANTAGEM em relação às outras pessoas.

Então, vamos lá…

1º superpoder – Entender o mercado financeiro

Se você quer ter sucesso nos investimentos, você não precisa entender NADA de mercado financeiro, se não quiser.

Basta você investir seu dinheiro em uma combinação de ETFs (Exchange Traded Funds) de índices amplos e títulos públicos de renda fixa e pronto.

No longo prazo, você terá um retorno superior a 80% dos investidores (inclusive profissionais).

Com essa dica, acabei de te economizar milhares de reais em cursos, relatórios de análise, consultorias e taxas de instituições financeiras. Pode me mandar uma caixa de bombons belgas para demonstrar sua gratidão.

O “grande barato” de estudar o mercado financeiro (e isso é o que eu falo para os meus alunos) é que, praticamente, TUDO DE IMPORTANTE no mundo passa, direta ou indiretamente, pelo mercado financeiro.

Guerras, escândalos de corrupção, catástrofes naturais, inovações tecnológicas, distúrbios sociais… TUDO ISSO é refletido no mercado financeiro.

Por isso, “entender o mercado financeiro” não é apenas algo que te ajuda a investir melhor. É algo que te ajuda a ENTENDER O MUNDO de forma muito mais ampla e profunda que a grande maioria das pessoas.

2º superpoder – Pensamento crítico

Pensamento crítico é a aplicação da lógica informal para avaliação de argumentos.

O pensamento crítico pode ser traduzido como um “detector de bobagens”.

Se você sabe pensar criticamente, você é capaz de “desmontar” qualquer argumento e, com o tempo, vai descobrir que a maioria dos argumentos é falaciosa.

E praticamente TODAS as tentativas de convencimento e persuasão são ARGUMENTOS.

Saiba identificar argumentos (e suas falhas) e você NUNCA MAIS será enrolado.

E, como tudo na vida tem dois lados, saiba que, entendendo sobre pensamento crítico e argumentos, você terá, automaticamente, a capacidade de criar argumentos falaciosos muito persuasivos e muito difíceis de detectar (caso queria, de forma maliciosa, convencer alguém).

Aquilo que serve para defesa também serve para o ataque…

3º superpoder – Semiótica

A Semiótica é um campo de conhecimento que procura estudar todas as formas de linguagem. Digamos que é uma “prima” da Linguística (que é limitada à linguagem verbal).

É uma área de conhecimento complexa, cheia de nuances e que, para algumas pessoas, não é muito fácil de entender.

Mas, quem fizer uma “forcinha” para entender a Semiótica e desenvolver a capacidade de observação, vai ver que praticamente TUDO pode ser usado (e é!) como forma de comunicação. E a comunicação é a base da persuasão e do convencimento.

Cores, símbolos, roupas, filmes, gestos, cortes de cabelo, comportamentos… TUDO está te comunicando alguma coisa e, na maioria das vezes, não estamos atentos a essa comunicação (mas ela “fala” conosco por meios mais sutis e subliminares).

Só que essa comunicação, ainda que “pouco visível”, nos impacta e interfere em nossos comportamentos.

Entender sobre Semiótica vai te transformar em uma pessoa muito mais “ligada” em tentativas de persuasão e de manipulação e, assim como o pensamento crítico (mencionado anteriormente), pode ser usada “para o mal” (se você assim quiser…).

4º superpoder – Microeconomia

Microeconomia é a “divisão” das Ciências Econômicas que estuda os AGENTES ECONÔMICOS INDIVIDUAIS e suas relações entre si.

A maioria das pessoas que tem contato com a Microeconomia associa ela com “oferta e demanda” (que, de fato, é o seu “lado mais visível”).

Mas a Microeconomia tem muito mais que isso. Alguns elementos da Microeconomia, como a Teoria dos Contratos, a Teoria dos Jogos e as teorias de sinalização te permitem enxergar o mundo como poucas pessoas conseguem enxergar.

Com um razoável domínio desses conhecimentos, você começará a enxergar a cadeia de incentivos que conecta pessoas, empresas e governos e que, no fim das contas, os leva a agir do jeito que agem.

É um conhecimento muito sofisticado e mesmo estudantes de Economia, em nível de graduação e pós-graduação, saem da escola sem ter um domínio minimamente funcional dessas ferramentas poderosíssimas.

Conhecendo Microeconomia, você vai entender porque uma pessoa compra um produto ao invés de outro, porque um veículo de mídia ataca uma empresa mas não ataca sua concorrente, porque algumas pessoas defendem certos políticos e muito mais.

Em muitos aspectos, o entendimento da Microeconomia equivale à “visão de Raio X” dos super-heróis…

5º superpoder – Vocabulário

Existe uma corrente de pensamento, no mundo das Neurociências, que diz que a consciência humana é uma “consequência” da linguagem.

Particularmente, eu acho essa visão muito interessante (e plausível). E um dos argumentos a favor dessa visão é que não temos memórias de nossas vidas quando éramos bebês ou muito pequenos.

A consciência só “surge” quando aprendemos a linguagem e começamos a “falar com a gente mesmos”.

Se essa tese estiver correta (e há uma chance de que esteja), quanto mais sofisticado for o seu vocabulário, maior vai ser seu grau de consciência e melhor vai ser seu processo de raciocínio.

E, veja que interessante: Por conta de outras ideias como o pós-modernismo e o “politicamente correto”, há uma grande pressão social e política para que o vocabulário seja não ampliado, mas sim RESTRINGIDO.

Você não pode mais dar nome a certas coisas, pois isso “fere” os interesses de alguns grupos. Então, é preciso desenvolver uma nova linguagem que trate todas as pessoas como “iguais”. Mesmo quando, claramente, não são.

Esse processo de “engenharia semântica” vai levar (na verdade já está levando) a uma aceleração do processo de emburrecimento e idiotização das pessoas. E isso significa que, em termos relativos, se você mantiver (e cultivar) um vocabulário amplo, você terá uma capacidade de raciocínio muito melhor e mais sofisticada que a maioria das pessoas.

Um vocabulário amplo passa a ser um superpoder no sentido mais puro da palavra!

A propósito, leia (se ainda não leu) o livro 1984, de George Orwell (ou, se preferir, assista ao filme – é um dos poucos filmes baseados em um livro que se manteve fiel à história original).

Aprenda o que é newspeak (ou “novilíngua”, na versão traduzida) e você vai entender…

6º superpoder – Mindfulness

Mindfulness é a capacidade de, simplesmente, “prestar atenção a si mesmo”.

Inclusive, uma coisa que virou modismo, recentemente, é a “meditação mindfulness”: Um tipo de meditação em que se deve apenas “estar presente”, prestando atenção em sua respiração, estímulos corporais e estímulos do ambiente, tentando não deixar a cabeça “viajar na maionese”, indo para o futuro ou o passado.

No começo do artigo, foi feita uma menção ao “Efeito Flynn” e à reversão que vem sendo observada.

Não se sabe ainda as causas dessa reversão (e nem se ela é, de fato, real). Mas um dos suspeitos são os hábitos modernos (como o uso de smartphones, o excesso de informações e o excesso de estímulos) que estão “matando” nossa capacidade de PRESTAR ATENÇÃO.

Por isso, exercitar o mindfulness (através de meditação ou outra técnica) é uma forma de preservar e AUMENTAR nossa capacidade de prestar atenção – em nós mesmos e no mundo.

Fora que alguns estudos indicam que a prática de meditação mindfulness promove alterações estruturais (positivas) no cérebro, associadas com melhor capacidade cognitiva e maior bem estar.

7º superpoder – Atenção situacional

Atenção situacional (ou situation awareness, em Inglês) é uma espécie de “evolução” do mindfulness.

Atenção situacional é aquilo que a gente vê em filmes de espião, em que o personagem está sempre “ligado” se está sendo seguido, onde estão as janelas e qual é a cor da gravata do mordomo.

É uma habilidade difícil de desenvolver, mas que pode ser aprendida e, com o tempo, tende a ficar um pouco mais “automática”.

Mas a atenção situacional é um superpoder que pode te tirar de muitas enrascadas e fazer com que você evite muitas situações perigosas.

Foto do personagem de cinema Jason Bourne

Desenvolver a atenção situacional te transforma em um “Jason Bourne da vida real”.

8º superpoder – Copywriting

Copywriting é a criação de textos e discursos persuasivos para uso publicitário.

É o tipo de habilidade que faz de você alguém capaz de “vender geladeira para esquimó”.

O copywriting pode parecer uma arte (e, até certo ponto, é). Mas existem muitas técnicas – essas técnicas podem ser aprendidas, não só para uso publicitário, mas também para uso na comunicação normal, em situações cotidianas.

As técnicas de copywriting fazem com que nossos textos e falas se conectem com o lado emocional das pessoas, contornando barreiras racionais e, frequentemente, levando as pessoas a tomarem decisões “sem pensar”.

E o copywriting é bastante associado com o próximo superpoder.

9º superpoder – Storytelling

É sabido que seres humanos são muito mais influenciados por “boas histórias” do que por fatos.

Nossas mentes foram programadas, evolutivamente, para se conectarem com histórias empolgantes e bem contadas.

É por isso que, em pleno Século XXI, com todo nosso conhecimento e acesso à informação, as pessoas continuam caindo em fake news e acreditando em coisas absolutamente cretinas e imbecis.

Essas cretinices e imbecilidades são inseridas em histórias tão envolventes que mesmo os fatos mais óbvios NÃO CONSEGUEM competir com elas.

Nesse aspecto, eu gosto de dizer que o storytelling é o “veneno” e o pensamento crítico é o “antídoto”. O pensamento crítico te salva de ceder à sedução de uma história falsa, porém bem contada.

O storytelling te permite enrolar qualquer pessoa. O pensamento crítico faz de você uma pessoa impossível de ser enrolada.

Esses dois superpoderes, combinados, farão de você uma pessoa imbatível.

10º superpoder – Likability

Likability é uma expressão, em Inglês, que não tem uma tradução direta para o Português.

Podemos dizer, de uma forma grosseira, que é a “capacidade de fazer as pessoas gostarem de você”.

É uma mistura de carisma, storytelling (que já foi comentado), simpatia, técnicas de sedução e algumas outras coisinhas…

Em outras épocas “menos civilizadas”, a violência física e a intimidação eram as melhores formas de persuadir alguém.

No mundo moderno, o “poder físico” ainda pode ter algum valor, mas, de forma geral, é uma ferramenta muito limitada para se conseguir as coisas (e pode te colocar na cadeia).

É muito mais fácil conseguir algo de uma pessoa, simplesmente, fazendo com que ela goste de você…

Conclusão

Acho que o ponto mais importante deste artigo é a definição de “superpoder”.

Superpoder não é, necessariamente, um “poder sobrenatural” (como levitar ou algo do gênero), mas sim habilidades que “excedem as capacidades naturalmente encontradas em outras pessoas”.

E, igualmente importante, são habilidades que te tragam algum tipo de VANTAGEM em relação às outras pessoas. Não adianta ser o melhor em algo que “não serve para nada”.

Os superpoderes expostos neste artigo são, em grande parte, “habilidades intelectuais”, que não são fáceis de dominar, mas que estão ao alcance de qualquer pessoa que se dedique a desenvolvê-las.

O que transforma essas habilidades em superpoderes é o fato de que a humanidade, cada vez mais, está se afastando das coisas “intelectuais” e se aproximando do misticismo e da ignorância.

Com isso, aqueles empenhados em preservar (e desenvolver) suas capacidades intelectuais vão, cada vez mais, se afastar da média – e isso vai acabar os transformando (ao menos em relação ao resto das pessoas) em verdadeiros “super humanos”.

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