17/04/2021 • • por Andre Massaro

O que são Units (na bolsa de valores)


Vamos começar com a resposta “curta” e, na sequência, vamos expandir o conceito: Uma unit (ou as units, de forma geral) é um título que representa um “pacote de ações”.

Então, quando você investe em uma unit, está investindo em algo que não é um título individual (apesar do nome “unit” remeter a “unidade”), mas sim em um conjunto de títulos mobiliários.

A bolsa não é feita só de ações

A bolsa de valores é um ambiente de negociação que é, automaticamente, associado com ações (títulos mobiliários que representam o capital social de uma empresa). Porém, existem diversos títulos mobiliários que são “quase ações”.

Não são ações, tecnicamente falando, mas são negociadas da mesma forma que ações (e às vezes têm o mesmo tratamento tributário).

Entre esses títulos “quase ações”, estão os ETFs (Exchange Traded Funds), os BDRs (Brazilian Depositary Receipts), as cotas de Fundos Imobiliários (FIIs), direitos e bônus de subscrição entre outros títulos.

E entre esses “outros títulos” estão as units, que juntam, tipicamente, ações preferenciais com ordinárias (e, às vezes, bônus de subscrição).

Uma unit pode ser qualquer combinação, como uma ação ordinária com uma preferencial, duas ordinárias com uma preferencial etc.

A diferença entre as units e “todo o resto”

As units são caracterizadas por terem o número “11” em seu ticker (lembrando que o ticker é o código que identifica um título na bolsa – se você quer saber mais sobre os tickers, leia aqui).

Na codificação da B3, o número 11 representa um “pacote” ou um “aglomerado” de ativos. Por isso esse número é usado, também, para ETFs (que nada mais são que cotas de fundos de investimento de uma carteira diversificada de ações) e Fundos Imobiliários (que são, supostamente, um “aglomerado de imóveis”, apesar de muitos fundos investirem em um imóvel só).

A diferença das units para os outros títulos com “11” no final é que elas representam um pacote de títulos de um mesmo emissor (uma mesma empresa, no caso).

Por que uma empresa cria units?

As empresas que criam units são aquelas que têm ações ordinárias e preferenciais.

Normalmente, a motivação de uma empresa em agrupar as ações em units é equalizar a liquidez entre as ações preferenciais e ordinárias (pois elas passam a ser negociadas em conjunto) e “colocar todos os investidores no mesmo barco”.

Com as units, as ações preferenciais e ordinárias continuam existindo normalmente (cada classe com seus respectivos direitos), mas essa separação em classes não se estende aos investidores (somente às ações).

Todo acionista de uma empresa que tem units acaba sendo, simultaneamente, um acionista ordinário e preferencial. Com isso, se gera (supostamente) um alinhamento de interesses em todos os acionistas e se reduz o potencial de conflitos e questionamentos.

Investir em units – O que muda para o investidor?

Na prática, nada…

Investir em units é a mesma coisa que investir em ações individuais. A única coisa que muda é a questão dos direitos societários, pois o investidor passa a estar, simultaneamente, na posição de acionista ordinário e preferencial.

Porém, para a esmagadora maioria dos investidores em ações (pelo menos os investidores individuais), essa questão é absolutamente irrelevante. Pouquíssimos são os investidores individuais que, de alguma forma, procuram participar das decisões da empresa e fazer uso de seus direitos societários.

Para o típico investidor individual em bolsa, uma ação é apenas um “veículo” para formação de patrimônio e geração de renda. Esses pormenores societários são virtualmente invisíveis para o típico investidor individual.

Inclusive do ponto de vista fiscal não muda ABSOLUTAMENTE NADA de uma unit para uma ação individual. Todas as alíquotas, regras de apuração, de recolhimento e isenções tributárias se mantém.

Nesse aspecto fiscal, é importante notar, alguns ativos de “final 11” no ticker têm algumas diferenças fiscais em relação às ações (caso dos ETFs e Fundos Imobiliários). Mas, no caso das units, não muda absolutamente nada.

E, do ponto de vista de estratégias ou de abordagens de investimento, também não muda nada. A mesma abordagem que você usa normalmente para ações (seja análise fundamentalista, análise técnica ou qualquer outra) é usada para as units.

Novamente, para o investidor individual, salvo em raríssimas exceções, a diferença entre uma ação e uma unit é algo irrelevante.

Conclusão

As units são uma “figura” do mercado de capitais e, por serem negociadas como ações comuns na bolsa de valores, o investidor individual acaba, inevitavelmente, “cruzando” com elas.

E isso pode gerar dúvidas no investidor. O mundo da bolsa costuma ser intimidador para investidores menos experientes. E se deparar com (mais um) jargão em Inglês (“units”) acaba reforçando a percepção de que o mercado é mais complexo do que ele realmente é.

Inclusive, existem muitos conteúdos na internet explicando o que é uma unit (e este aqui é apenas mais um deles). E muitos desses conteúdos (talvez na tentativa desesperada de ganhar um clique a mais) apostam em títulos chamativos e “falsas controvérsias”, insinuando que há algum “grande segredo” ou “risco oculto” nas units – e que o investidor precisa saber daquilo para não entrar em algum grande buraco negro…

Porém, essa questão das units e das ações é um daqueles casos de “muito barulho por nada”. Para o pequeno investidor (o investidor individual – não profissional), basta saber que as units “existem” e que, eventualmente, elas vão cruzar em seu caminho.

Mas isso não muda absolutamente nada – nem em termos fiscais e nem em termos de estratégia.

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