07/03/2021 • , • por Andre Massaro

Entenda a alocação e a diversificação de investimentos


A alocação e a diversificação de investimentos são conceitos bastante próximos e associados, mas não são coisas idênticas.

Mas, para começarmos a falar sobre alocação e diversificação de investimentos, é preciso comentar sobre uma “verdade absoluta” do mundo dos investimentos: O risco.

O risco (de perda real e irreversível de dinheiro, inclusive) está presente em todas as estratégias de investimento.

E tanto a alocação de investimentos quanto a diversificação (em conjunto) são as mais eficazes e simples ferramentas para gestão de riscos nos investimentos.

O que é alocação de investimentos

Alocação de investimentos é fazer a “divisão” de uma carteira de investimentos em CLASSES DE ATIVOS.

“Classes de ativos” são grupos de ativos (que podem ser financeiros ou não) unidos por suas características em comum.

Renda fixa”, por exemplo, é uma classe de ativos, que engloba todos os ativos financeiros de renda fixa.

Títulos públicos” é uma “subclasse” da renda fixa. “Títulos públicos prefixados” é uma “subclasse da subclasse” e assim em diante, até chegar ao ativo em si.

Observe, então, que existem diferentes níveis ou “camadas” de alocação. E o investidor pode usar o nível de alocação que achar mais adequado para a construção de sua carteira de investimentos.

Formas comuns de alocação de investimentos

A maneira mais comum de fazer a alocação, ao montar uma carteira de investimentos, é dividir entre investimentos de renda fixa e de renda variável.

Este é, justamente, o primeiro nível ou camada de alocação. Mas, conforme o grau de sofisticação do investidor, ele pode optar por montar sua carteira de investimentos usando formas mais “pulverizadas” de alocação.

Outra possibilidade, ainda “de alto nível”, é a alocação internacional, que é classificar os ativos de forma geográfica, conforme seus países de origem.

Um investidor brasileiro poderia, por exemplo, fazer o primeiro nível de alocação de sua carteira entre “ativos brasileiros” e “ativos internacionais”.

Mas é importante observar que a alocação não chega no ativo individual (que seria o papel da diversificação de investimentos, que vamos ver mais adiante). A alocação se limita a separar a carteira de investimentos em “classes” – ela agrupa determinados investimentos conforme características comuns (tipicamente características de risco) que o investidor quer ressaltar ou controlar.

Então, no caso da renda fixa (que já é uma classe), é comum se classificar entre títulos públicos e privados, prefixados e pós-fixados e assim em diante, até chegar aos ativos individuais.

Na renda variável, uma primeira forma de classificar seria entre ações, imóveis e outros ativos.

Nas ações, por exemplo, se pode classificar conforme os diversos setores econômicos presentes na bolsa de valores.

Imóveis, por sua vez, podem ser classificados quanto às suas características (residencial, comercial etc.) e a sua localização.

Os modelos de alocação de investimentos são muito flexíveis e customizáveis conforme as necessidades e os desejos do investidor.

Por que fazer alocação de investimentos

A resposta “óbvia” a gente já sabe: Se faz alocação de investimentos para gerenciar riscos. Mas que riscos?

Bem… Os riscos também têm um sistema de classificação similar às classes de ativos, com diferentes níveis e camadas.

A classificação mais ampla dos riscos é entre riscos sistemáticos e específicos.

Leia aqui: Riscos sistemáticos e específicos – Entenda

Tanto a alocação quanto a diversificação NÃO PROTEGEM (ao menos em teoria) contra os riscos sistemáticos (que são os riscos de um mercado como um todo).

Porém, todo risco sistemático é o risco específico de um nível superior

Por exemplo: Temos o risco sistemático “Brasil” (que representa o mercado brasileiro como um todo – com todos os ativos negociados no Brasil).

Porém, se “subirmos de nível” na classificação, indo de “pais” para “mundo”, o Brasil se torna um item individual. No “big picture” do mercado financeiro internacional, o Brasil passa a ser um risco específico e, consequentemente, gerenciável por meio de alocação e diversificação de investimentos (e aí que entraria a alocação internacional).

Obviamente que, neste momento, temos um “limite” para isso, que é o próprio mundo… Quando chegamos no mercado financeiro internacional, não temos mais “para onde subir”.

Mas um dia, em um futuro muito distante, talvez a Humanidade se torne uma espécie interplanetária e teremos oportunidades de alocação em outros níveis que, neste momento, não são acessíveis a nós.

Se o Universo é infinito, as possibilidades de alocação são, também, potencialmente infinitas (mas não agora…).

O que é diversificação de investimentos

Diversificar investimentos é, simplesmente, “espalhar” os investimentos. É pegar vários ativos individuais (ações diversas, títulos de renda fixa, imóveis etc.) e sair “espalhando” o dinheiro.

É o proverbial “colocar os ovos em cestas diferentes”.

Leia aqui: Diversificar investimentos – A melhor forma de controlar os riscos

Porém, como você deve poder imaginar, só “espalhar” não é uma estratégia de proteção muito eficiente

Você pode espalhar os seus ovos por cestas, mas, no “frigir dos ovos” (perdoe pelo trocadilho infame), continuará tendo apenas… ovos!

O equivalente a isso, no mundo dos investimentos, é você pegar seu patrimônio e “espalhar” por dez ações, em valores iguais (10% do patrimônio para cada ação).

Em princípio, é uma ideia interessante. Ter um limite máximo de 10% por ação é razoável, em termos de gerenciamento de riscos.

Mas imagine que você comprou dez ações que são EXATAMENTE DO MESMO SEGMENTO.

Isso seria razoável do ponto de vista de gerenciamento de riscos? Claramente NÃO, pois você estaria com 100% de exposição ao risco do SETOR (apesar de, em termos de ativos individuais, sua carteira estar razoavelmente bem diversificada).

Isso mostra que a diversificação de investimentos, sem estar acompanhada de uma boa estratégia de ALOCAÇÂO, não adianta nada

Você pode ter um monte de ovos, espalhados em cestas diferentes… E todos eles apodrecerão ao mesmo tempo.

Como montar uma carteira de investimentos

Na montagem de uma carteira de investimentos, já sabemos que as duas coisas precisam estar presentes: A ALOCAÇÃO e a DIVERSIFICAÇÃO.

Não adianta ter uma carteira diversificada se ela não for bem alocada.

E o que define a alocação mais adequada?

Os principais fatores são:

  • A tolerância a perdas
  • A idade e as necessidades de liquidez
  • Os objetivos

A tolerância a perdas, a idade e as necessidades de liquidez (esses dois últimos são aquilo que alguns profissionais de finanças se referem como “momento de vida”) são assuntos cobertos pela AVALIAÇÃO DO PERFIL DE INVESTIDOR.

Quem fez a lição de casa “direitinho”, de avaliação do perfil de investidor, saberá qual é sua tolerância a perdas e o seu “momento de vida”, e poderá definir uma estratégia de alocação coerente com essas informações.

Já os objetivos podem ser de retorno ou de uso dos recursos. Da mesma forma, se o investidor tiver clareza de seus objetivos e tiver uma mínima noção de como funcionam as diferentes classes de investimentos, ele conseguirá definir uma estratégia de alocação de investimentos adequada.

E, uma vez definida a “estrutura de alocação” de uma carteira de investimentos, o que resta fazer é monitorar e, ocasionalmente, ajustar a carteira.

Esses “ajustes” da carteira de investimento são aquilo que se chama, no jargão das finanças, de REBALANCEAMENTO.

O rebalanceamento é necessário pela própria dinâmica de uma carteira de investimentos, em que alguns ativos se valorizam, outros se desvalorizam e ela acaba, naturalmente, se “desenquadrando” dos critérios de alocação que foram definidos pelo investidor.

E pode ser, também, que o próprio investidor queira mudar os critérios, por mudanças em sua percepção de risco, em seus objetivos ou em seu “momento de vida”.

Conclusão

Entender os conceitos de diversificação de investimentos e alocação é o “básico do básico” do mundo dos investimentos.

Saber como diversificar investimentos, dentro de uma estratégia de alocação coerente, é algo que o investidor precisa saber antes de colocar qualquer dinheiro “na linha de tiro”.

Mas, apesar de ser uma coisa básica, muitos investidores negligenciam a alocação e a diversificação de investimentos, e acabam abrindo mão da mais simples (e poderosa) ferramenta de gerenciamento de riscos que existe.

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