06/01/2021 • , • por Andre Massaro

Marcação a mercado – O que é e como funciona


Marcação a mercado é um jargão muito comum no mercado financeiro e, às vezes, é referido pela sua forma em Inglês mark to market (MTM).

A marcação a mercado é o procedimento de atribuir, a um ativo financeiro, o seu valor de mercado atualizado. Isso porque nem sempre o valor de mercado vai ser equivalente a outros conceitos de valor, como o “valor intrínseco” (muito usado em ações) ou o valor contábil.

O jeito mais fácil de entender (conceitualmente) a marcação a mercado

Vamos imaginar duas situações não relacionadas ao mercado financeiro.

Na primeira situação, vamos supor que você é uma pessoa casada. Só que, hoje à noite, você resolve ir a uma balada com seus amigos ou amigas para ver se as pessoas “dão em cima” de você.

Você não tem intenção de colocar um par de chifres em sua parceira ou parceiro, mas você quer saber se ainda está “com aquela bola toda”.

Então, você vai sair para “se testar”, para ver se ainda está valendo alguma coisa ou se “só pega tranqueira”.

Você quer saber qual é o seu real valor (valor de mercado) no mundinho da pegação… Se você resolvesse dar um “pé na bunda” (ou levasse um) de seu parceiro, quanto você estaria “valendo no mercado” hoje?

Esta é uma situação em que você estaria fazendo a sua própria marcação a mercado – ou seja, determinando o “quanto você está valendo” neste momento.

Vamos, agora, à segunda situação…

Vamos imaginar que você tem um emprego. Você não está particularmente insatisfeito com seu emprego e não tem a intenção de mudar. Mas está em dúvida se seu salário está condizente com aquilo que se paga no mercado para alguém com seu perfil.

Então, você resolve dar uma atualizada no seu Curriculum e vai fazer algumas entrevistas, para ver o que “te oferecem”.

Fazendo essas entrevistas, você vai ver o quanto o “mercado” estaria disposto a pagar por você. A informação que você vai obter (através das propostas que receberá) é o seu verdadeiro “valor de mercado”.

Esta é a sua “marcação a mercado” e é o quanto você vale se quiser sair AGORA de seu emprego atual.

Fazendo isso, você pode descobrir que seu valor está acima do mercado, abaixo do mercado ou, mesmo, que não está valendo porcaria nenhuma…

Então, o conceito de marcação a mercado é saber quanto que uma determinada coisa (e essa “coisa” pode ser você) vale NESTE MOMENTO.

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Onde a marcação a mercado é utilizada?

A principal aplicação da marcação a mercado é em cotas de fundos de investimento. Ela é usada, também, para títulos de renda fixa. E as ações e outros ativos negociados em bolsa têm uma “marcação a mercado natural”, que são os próprios preços de mercado nas bolsas em que são negociados.

Marcação a mercado em fundos de investimento

O principal objeto da marcação a mercado são as cotas de fundos de investimento.

No Brasil, todos os fundos de investimento são obrigados a fazer a marcação a mercado de suas cotas diariamente.

Isso acontece porque, contabilmente, empresas e indivíduos devem registrar o valor de seus investimentos pelo custo de aquisição (é assim que você faz na sua declaração de imposto de renda).

Só que, em um fundo de investimentos, existem cotistas entrando e saindo, através da aportes e resgates, que são feitos conforme o valor da cota do fundo. Se os ativos da carteira do fundo não estiverem devidamente atualizados, um novo cotista vai comprar algo muito mais barato do que realmente vale.

Imagine que o custo médio dos ativos de um fundo é 50, só que o valor de mercado desses ativos é 100. Se a cota não estiver atualizada, você vai levar por 50 algo que vale 100 e, como não se cria riqueza “do nada”, essa perda vai ser distribuída entre os demais cotistas.

Da mesma forma, se você fizer um resgate das suas cotas e elas não estiverem atualizadas, você vai receber 50 por algo que vale 100, e os demais cotistas vão ter um ganho indevido às suas custas.

Então, a função (importantíssima) da marcação a mercado, nos fundos de investimento, é impedir que haja transferência de riqueza indevida entre os cotistas.

Marcação a mercado na renda fixa

Entre os pequenos investidores, a expressão “marcação a mercado” costuma vir associada ao Tesouro Direto.

Os títulos de renda fixa têm diferentes tipos de formação de preço. Os títulos pós-fixados “puros” (como aqueles indexados ao DI ou à Taxa Selic) têm uma “marcação a mercado natural”, pois vão apropriando a evolução do indexador a cada dia.

Porém, os títulos prefixados e híbridos (como os indexados à inflação) estão sujeitos a oscilações por conta das taxas de juros atuais e das expectativas de taxas futuras. Então, o valor de mercado desses títulos nem sempre vai coincidir com a chamada “curva natural” de juros (que é o valor que o título “deveria ter” naquele momento, se fosse considerar apenas a apropriação proporcional dos juros ao longo do tempo).

No caso do Tesouro Direto, os preços de mercado dos títulos (que é o PU ou Preço Unitário) refletem os preços que são praticados no chamado “mercado secundário”, que é onde é negociada a maioria dos títulos públicos e é um mercado inacessível aos investidores comuns.

O mercado secundário é o “playground” de investidores institucionais, tesourarias de bancos e do próprio Banco Central. Não é para “o bico” do pequeno investidor, que vai para o Tesouro Direto.

Então, os títulos negociados no Tesouro Direto são marcados a mercado EM RELAÇÃO aos títulos do mercado secundário. Quando você descobre que seu título (do Tesouro Direto) perdeu valor, isso acontece porque o título correspondente, no mercado secundário, também perdeu.

Outros títulos de renda fixa também sofrem marcação a mercado, como as debêntures. Porém, o processo aí é um pouco mais complicado por conta da liquidez.

No caso dos títulos públicos, como a liquidez do mercado secundário é enorme, fica fácil fazer a marcação a mercado – baste ver o que está acontecendo lá e fazer igual…

Já em títulos de baixa liquidez, não há um preço de mercado “transparente” com o qual comparar. Então, é preciso fazer estimativas para tentar determinar o que seria o “preço justo” de mercado.

Marcação a mercado para investidores individuais

Investidores individuais também podem fazer a marcação a mercado de suas próprias posições.

É possível, por exemplo, fazer uma planilha (e alguns aplicativos também fazem isso) onde se coloca o valor de mercado de todas as ações, títulos de renda fixa e cotas de fundos de investimento.

Com isso, você consegue ter uma visão mais realista de qual é o verdadeiro tamanho da sua “riqueza” e quanto ela valeria se você precisasse dispor dela hoje.

Algumas pessoas evitam acompanhar os ativos por valor de mercado (especialmente quando estão perdendo valor), para não ficarem angustiadas ou eufóricas.

Porém, para aqueles investidores que se “abalam menos” com as flutuações de mercado, a marcação a mercado é uma interessante ferramenta para mensurar o próprio progresso financeiro.

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