15/07/2020 • • por Andre Massaro

O que são suportes e resistências


Em análise técnica (ou gráfica) de ativos financeiros, um dos conceitos mais importantes é o de suportes e resistências.

Tentando explicar em poucas palavras, suportes e resistências são determinados níveis de preço, em um ativo financeiro, onde podem existir uma concentração de demanda e de oferta, respectivamente.

Os motivos dessas concentrações de oferta e de demanda é o que vamos tentar entender neste artigo.

A origem do conceito e dos nomes

O que é um suporte

Os preços de um ativo financeiro, salvo em raras exceções, não se movem “em linha reta”. Eles se movimentam em tendências (de alta ou de baixa), mas esses movimentos costumam ser interrompidos por movimentos menores, em sentido oposto.

Esses movimentos são conhecidos como “swings” (o nome “swing trading”, inclusive, vem daí) e são eles que fazem aquele característico desenho de “dente de serra”, nos gráficos de ativos financeiros.

Representação de gráfico de ativo financeiro, mostrando os "swings"

Quando os preços de um ativo estão em direção descendente (ou seja, estão caindo), essa queda de preços pode ser “amortecida” (gerando um “dente de serra” – uma alta temporária para retomar o rumo descendente) ou mesmo gerar uma reversão completa de tendência.

“Suportes” são, então, determinados níveis de preços onde, supostamente, há maior probabilidade de que esse movimento de queda vá ser interrompido – seja momentaneamente ou seja uma reversão da tendência de longo prazo.

Gráfico de fundo branco, representando o suporte de um ativo financeiro

Nesses níveis de preço, presume-se que há uma concentração de demanda (tem mais gente querendo comprar do que vender), e isso impulsiona os preços para cima.
A palavra “suporte” dá a ideia de que tem uma “barreira” naquele nível de preços, que não deixa cair mais e forma o movimento em sentido contrário.

O que é uma resistência

A resistência é o análogo do suporte “para cima”. Assim como no caso das quedas, as altas também não costumam acontecer “em linha reta”. Ocasionalmente, a evolução dos preços é interrompida e eles passam a andar em direção contrária. E, assim como no caso dos suportes, essa movimentação em direção oposta pode ser apenas um “respiro” ou pode ser uma reversão total da tendência.

Gráfico de fundo branco, representando a resistência de um ativo financeiro

A resistência também forma uma “barreira” para os preços, só que em cima, forçando os preços para baixo pois, supostamente, aquela região tem maior concentração de oferta (mais vendedores que compradores).

Por que os suportes e resistências “existem”?

Bem, já sabemos que os preços não costumam andar em linha reta – eles fazem “swings” temporários ou podem ter alterações de tendência de longo prazo.

Mas existe algum padrão para esses níveis de preços, onde há maior probabilidade de reversão? Ou será que essas reversões são aleatórias?

Os teóricos da análise técnica sustentam que essas reversões NÃO são aleatórias, e que existem razões para a concentração de demanda e oferta em determinados níveis de preços. Essas razões são associadas, principalmente, a fatores de natureza psicológica (medo, ganância, arrependimento e outras emoções) e com a “memória de preços” dos investidores.

Nem sempre o suporte suporta e a resistência resiste…

Suportes e resistências não são infalíveis e, quando um desses níveis é ultrapassado, se diz que o suporte ou resistência sofreu um “rompimento”.

Gráfico de fundo branco, representando o rompimento ou a retração da resistência de um ativo financeiro

A teoria dos suportes e das resistências (eu não gosto muito de usar a palavra “teoria” nesses casos, mas vamos lá…) é que, quando um suporte é rompido, os preços tendem a ganhar ainda mais força e velocidade em sua direção original, intensificando a tendência.
A mesma coisa “para cima” quando ocorre o rompimento de uma resistência.

Inclusive, muitas estratégias operacionais (incluindo o famoso modelo dos turtle traders) são baseadas nesses rompimentos de suportes ou de resistências, quando, supostamente, se tem uma movimentação mais intensa e “certeira”.

Um fator que funciona como impulsionador dos preços, em caso de ruptura, são as ordens stop loss (no caso de suportes) e stop gain (no caso de resistências). É comum posicionar as ordens stop ligeiramente acima de resistências e abaixo de suportes, na expectativa de que, ali, elas não serão acionadas acidentalmente.

Porém, quando um desses níveis é rompido, as ordens stop são atingidas e começam a “pipocar”, dando força e velocidade aos preços.

Os tipos mais comuns de suportes e resistências

Existem inúmeras teses e “teorias” tentando explicar os suportes e resistências (e seus diferentes tipos). Porém, os tipos mais comuns, mais reconhecidos pela comunidade de investidores e traders e mais referenciados na literatura especializada são os seguintes:

Pontos anteriores de reversão:

É bastante comum ouvir os analistas técnicos dizendo que topos e fundos anteriores, bem como suportes e resistências rompidas, viram novos suportes e resistências.

Gráfico de fundo branco, representando o rompimento da resistência de um ativo financeiro

De fato, os suportes e resistências previamente rompidos tendem a se tornar o oposto daquilo que eram, e isso é explicado pelos fatores emocionais e pela tal “memória de preços”.

Quando uma resistência é rompida e os preços “vão embora”, muitos investidores e traders se arrependem de não terem comprado (pois eles achavam que, naquele nível de preços, estaria “caro”).

Assim, quando os preços retornam (num swing), aqueles investidores que não “embarcaram” antes têm, agora, uma tendência de comprar onde era a antiga resistência, pois é um valor que, depois do rompimento e do avanço, eles passam a entender como “barato”.

Aquilo que era, anteriormente, uma região de concentração de oferta, passa a ser concentradora de demanda (se torna um exemplo do mercado funcionando sob domínio da ganância e do arrependimento por ter vendido – ou não comprado – antes).

O mesmo vale em sentido inverso. Quando um suporte é rompido (e o investidor não vendeu ou não acionou o “stop loss”), caso os preços retornem àquela região do movimento, aqueles que não “desembarcaram” tendem a vender suas posições, forçando os preços, novamente, para baixo (é o mercado funcionando sob domínio do medo).

Valores redondos:

Nós, seres humanos, temos um certo fascínio natural por números redondos. Por isso, os preços redondos (múltiplos de dez ou cinco) são níveis que, na maioria dos ativos financeiros, chamam a atenção e viram referência para os participantes do mercado.

Os suportes e resistências baseados em preços com números redondos tendem a ser mais frágeis que aqueles que resultam de níveis anteriores rompidos. Mas, ainda assim, por conta de seu efeito psicológico, podem servir para criar, pelo menos, alguma hesitação no movimento dos preços.

Gaps:

Gaps são intervalos de preços onde não ocorreram negociação. Usualmente, acontecem logo na abertura do mercado, quando há muita volatilidade e os preços “explodem” em uma direção.

Nos gaps, costuma acontecer um “efeito de arrependimento” similar àquele dos rompimentos. Quando os preços “voltam” (e fecham o gap), os investidores que queriam ter comprado (no caso de um gap de alta, por exemplo) aproveitam para se posicionar.

Gráfico de fundo branco, representando um gap de preços em um ativo financeiro

Por isso, a região de preços do fechamento imediatamente anterior à ocorrência do gap acaba assumindo o papel de resistência ou suporte.

Outros padrões:

Existe uma infinidade de “modelos” de suportes e resistências, inclusive baseados em indicadores técnicos. Mas um outro exemplo notável (e controverso) é o uso de supostos padrões harmônicos, que seriam reconhecíveis inconscientemente pelo ser humano.

Um exemplo são as expansões e retrações baseadas nos números de Fibonacci ou na proporção áurea que, segundo os proponentes dessa visão, são padrões “naturais” que, quando acontecem, nos sinalizam, de forma automática e inconsciente, que já “subiu demais” ou “caiu demais”. Ou seja, se formou um padrão “desarmônico”.

Os suportes e resistências mais confiáveis

A análise dos suportes e resistências faz parte daquilo que se chama de “análise técnica clássica”, que é a interpretação visual dos padrões gráficos.

O problema da análise técnica baseada em interpretação visual é a grande subjetividade, que faz com que muitos analistas acabem “vendo aquilo que eles querem ver”. Por isso, é difícil falar em confiabilidade.

Porém, podemos dizer, sem muito medo de errar, que os suportes e resistências baseados em topos e fundos (ou suportes e resistências anteriores) rompidos tendem a ser mais confiáveis.

Outro fator relevante de “confiabilidade” é o tempo gráfico. Tempos gráficos mais longos (diário, semanal ou mensal) costumam dar leituras mais confiáveis, pois, nessas periodicidades, os topos e fundos, bem como os suportes e resistências anteriores, representam “eventos marcantes”, com grandes e longas disputas entre compradores e vendedores. Esses eventos marcantes ficam, naturalmente, mais “impregnados” na memória de preços dos agentes do mercado e, quando esses níveis de preços são atingidos de novo, é esperada grande concentração de oferta ou de demanda.

Conclusão

Suportes e resistências são conceitos primordiais da análise técnica e uma das primeiras coisas que um “aspirante a analista” aprende.

Eles podem ser úteis para várias coisas, como posicionamento de ordens stop, pontos de saída para operações de swing trade e ponto de entrada para operações de trend following.

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